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Campus:
CAMPUS BOA VIAGEM
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
IMPACTO DA ETNOCIÊNCIA INDÍGENA SOBRE O ENSINO DE QUÌMICA
Área Temática:
Educação
Linha de Extensão:
Educação Inclusiva
Data de Início:
04/07/2022
Previsão de Fim:
05/12/2022
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
40
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
80
Local de Atuação:
Urbano-Rural
Fomento:
Edital de extensão - fomento para Napnes e Neabis
Programa Institucional
NEABIs
Modelo de Oferta da Atividade:
Presencial
Municípios de abrangência
Monsenhor Tabosa
Boa Viagem
Formas de Avaliação:
Seminário
Relatório
Participação
Formas de Divulgação:
Sistema acadêmico
Redes sociais
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Jackson da Silva Santos
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Jackson da Silva Santos IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 04/07/2022 05/12/2022
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Orçamento:
Conta Valor
Passagens e Despesas com Locomoção 0,00
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0,00
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0,00
Material de Consumo 0,00
Equipamento e Material Permanente 0,00
Encargos Patronais 0,00
Diárias - Pessoal Civil 0,00
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0,00
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 2.000,00
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
A etnociência surgiu em meados dos anos 50, do século XX, como linha de pesquisa, ganhando impulso através de investigadores norte-americanos que desenvolveram pesquisas com populações autóctones da América Latina. As representações da natureza pelos povos primitivos representam uma ciência concreta, com conhecimentos importantes sobre botânica, ictiologia, farmacologia, astronomia, dentre outros (LEVI-STRAUSS, 1989). Como uma das partes de maior abrangência e base para outras linhas de pesquisa, sobre os conhecimentos indígenas, destaca-se a botânica, porém deve-se levar em consideração que o conhecimento indígena não se enquadra em subdivisões precisamente definidas como é organizada na biologia. Neste contexto, Cabalzar (2017) menciona que cada sociedade define e desenvolve sua própria forma de classificação e nomenclatura para as plantas. O sistema de nomeação e classificação científica baseia-se no conceito de espécie e a similaridade entre elas. Desta forma, a classificação indígena usa várias características para identificar plantas, fazendo com que muitas vezes os resultados sejam semelhantes, podendo ocorrer de uma espécie corresponder a um único nome indígena, ou ao contrário, um nome indígena pode corresponder a mais de uma espécie. Apenas exemplificando, o nome científico da Inga macrophylla, que em português é chamada de Ingá da coceira, na língua indígena tukano é conhecida como Busa mere, Esta espécie teve, ao longo de tempo, nomes comerciais específicos, com vasta aplicabilidade nas populações dos centros urbanos como, por exemplo, o xarope do fruto é utilizado no tratamento da bronquite.
Justificativa
De forma geral, os indígenas utilizam seus conhecimentos para a sobrevivência na natureza, sua alimentação, habitação e cuidados com a saúde. Consequentemente, ao longo da história, utilizou-se tal conhecimento, antes tradicional, para análises científicas em grandes laboratórios, potencializando e facilitando a vida nos grandes centros urbanos, com destaque para a cura de doenças, pintura corporal, bebidas e venenos. Quanto à medicina tradicional, os saberes botânicos e as farmacopeias indígenas estão associadas às práticas xamânicas (considerado uma tradição equivalente à magia enquanto prática individualizada relacionada aos problemas e ciência da sobrevivência cotidiana (agricultura, caça, medicina, dentre outros) ou ao fenômeno religioso, abstrato, coletivo e normatizador. Citando como exemplo os índios Desana (da região do Alto Rio Negro), estes baseiam-se nas curas xamânicas utilizando encantações terapêuticas, enumerando nomes de plantas ou animais que possuem atributo apropriado para a cura, como por exemplo: relacionar a dureza da carapaça do jabuti como proteção para o corpo de uma criança, o sabor ácido para desinfetar e ajudar na cicatrização de uma ferida, a viscosidade para facilitar o parto. Com relação às pinturas corporais, o Brasil possui cerca de 200 sociedades indígenas, com variadas formas de dialetos, muitos utilizam a pintura corporal como forma de expressão coletiva e individual (RIBEIRO, 2013). Do ponto de vista bioquímico, apenas exemplificando, o urucum (da árvore urucuzeiro), que em língua tupi significa vermelho, tem suas sementes do trituradas para a obtenção da tintura vermelha, cujo pigmento natural é a bixina, que representa mais de 80% dos carotenóides presentes (NACHTIGALL et al., 2009; PINTO, 2020) . Na Preparação de bebidas para alimentação e rituais, os índios brasileiros produzem bebidas fermentadas a partir de cereais e raízes vegetais, conhecidas por cauim, caxirim ou chicha na literatura etnológica. A bebida fermentada é muito utilizada para momentos recreativos como as festividades e rituais, mas também pode desempenhar um papel de caráter alimentício ao invés de somente tóxico. Como exemplo, as folhas das plantas chacrona e chaliponga contêm o alcaloide N,N-dimetiltriptamina (DMT), um potente alucinógeno que age no organismo, porém é metabolizado pela enzima MAO, fazendo perder a sua atividade de alucinação. No âmbito dos venenos, muitas plantas possuem substâncias tóxicas (como a mandioca brava), sendo necessário saber a arte do desenvenenamento para torná-las comestíveis. Já o curare, substância tóxica extraída de plantas do género Strychnos e Chondodentron da América do Sul e utilizada pelos índios como veneno das flechas, é o nome dado à mistura de ervas feita pelos indígenas da Amazônia, foi muito utilizado na Europa por distensionar os músculos, e também como remédio contra o tétano e como anestésico em operações. Nos dias de hoje, os alcaloides ativos provindos do curare não são mais utilizados em operações para relaxamento de músculos. Porém, o cloreto de alcurônio (alloferine), produzido por síntese parcial a partir dessas substâncias continua sendo utilizado como relaxante muscular estabilizante. Neste contexto, há de se considerar, portanto, que o uso de temas do cotidiano no ensino de Química pode promover impactos positivos, não somente no ensino, mas também em questões de interesse direto do tema. Desta forma, na área de patrimônio cultural, por exemplo, é possível pensar que a contextualização da Química através de bens culturais pode auxiliar na compreensão e contextualização do componente curricular, ao mesmo tempo que pode auxiliar na promoção da preservação patrimonial, com relevantes benefícios a indissociabilidade das vertentes: ensino, pesquisa e extensão, uma vez que algumas aulas e suas abordagens são distantes da realidade dos povos indígenas e quilombolas e, também, das populações negligenciadas pelas políticas públicas de acessibilidade à educação, as quais utilizam a Química atrelada aos seus conhecimentos e saberes empíricos. Quando transitados em ambientes educacionais (formais ou não formais) são por vezes “diminuídos” e até mesmo “menosprezados”, sendo facilmente substituídos por métodos analíticos de difícil assimilação. Desta forma, o componente curricular de Química tem a possibilidade de considerar muitos conhecimentos indígenas para o seu ensino, fazendo com que haja uma desmistificação do índio como um grupo colonizado, garantindo assim que haja um ensino mais humanista e intercultural, promovendo o reconhecimento desses grupos como detentores de formas de expressão cultural e permanentemente recriadas, tornando essencial no processo de estabelecimento de um marco científico.
Público Alvo
Indígenas das etnias Potiguara, Tabajara, Gavião e Tubiba Tapuia no município de Monsenhor Tabosa.
Objetivo Geral
Entender e potencializar a cultura indígena quanto aos aspectos das descobertas de produtos químicos, atualmente muito utilizados nos grandes centros, sendo essenciais ao processo de ensino e aprendizagem do componente curricular de Química.
Objetivo Específico
. Promover a preservação patrimonial através do ensino de Química ao mesmo tempo que promove o ensino de Química através do patrimônio; . Proporcionar ferramentas aos alunos do curso superior de licenciatura em Química com abrangência em aspectos culturais e origem de produtos utilizados contemporaneamente; . Estimular os alunos a promoverem a preservação patrimonial; . Produzir e aplicar novos materiais e métodos para promover a divulgação científica da Química aplicada a bens culturais, visando à qualificação dos futuros professores de Química.
Metodologia
Primeira Parte . Levantamento bibliográfico sobre descobertas de produtos químicos pelos indígenas e compará-las com as substâncias nos campos da medicina, tinturas e venenos, dentre outros. . Estudo in loco sobre os potenciais de descoberta de outros produtos. Segunda parte . Estabelecer uma intercâmbio cultural, de tal modo que haja visitação dos alunos da licenciatura nas comunidades indígenas; . Incentivar os indígenas a participar dos eventos do campus, tais como congresso e amostras científicas . Será exposto todo o material catalogado, oriundos das descobertas pelos indígenas, em sala de aula na forma de apresentação de trabalhos . Apresentação em sala de aula do campus, pelos indígenas, sobre as formas culturais destaque de cada comunidade