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Campus:
CAMPUS BATURITE
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
Ler para escrever: oficina de escrita criativa e leitura de contos escolhidos por Graciliano Ramos
Área Temática:
Cultura
Linha de Extensão:
Literatura
Data de Início:
19/02/2024
Previsão de Fim:
25/06/2024
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
10
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
40
Local de Atuação:
Urbano
Fomento:
-
Programa Institucional
-
Modelo de Oferta da Atividade:
Semi-Presencial
Municípios de abrangência
Baturité
Formas de Avaliação:
Trabalhos Escritos
Debate
Pesquisa de Satisfação
Frequência
Questionário
Participação
Formas de Divulgação:
Redes sociais
Site institucional
Sistema acadêmico
Folder
E-mail
Cartaz
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Paulo Massey Saraiva Nogueira
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Alice de Souza IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Ana Livia Castelo Branco Lima IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Antonia Audilene Simão Gildo IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Benedita Patriciele Andrade Gomes IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Ivna Mara Reis Maciel IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Jose Augusto Gomes de Sousa IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Paulo Massey Saraiva Nogueira IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 19/02/2024 25/06/2024
Simara Brasiliano de Lima IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 19/02/2024 25/06/2024
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Orçamento:
Conta Valor
Passagens e Despesas com Locomoção 0,00
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0,00
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0,00
Material de Consumo 0,00
Equipamento e Material Permanente 0,00
Encargos Patronais 0,00
Diárias - Pessoal Civil 0,00
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0,00
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 0,00
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
“Aos noves anos, eu era quase analfabeto”. “Na minha escola de ponta de rua, alguns desgraçadinhos cochilavam em bancos estreitos e sem encosto”. “Os alunos se imobilizavam nos bancos: cinco horas de suplício, uma crucificação”. “Certo dia vi moscas na cara de um, roendo o canto do olho, entrando no olho. E o olho sem se mexer, como se o menino estivesse morto”. Em passagens como essa, Graciliano Ramos rememora sua infância cheia de percalços e desafios, narrando sobressaltos na descoberta das palavras e vicissitudes despertadas pela leitura. Jerônimo Barreto, o tabelião da pequena cidade no interior de Alagoas, emprestou-lhe muitos livros. Mário Venâncio lhe surgiu como um modelo de intelectual, com quem fundou um jornal e viu no infante o romancista que se tornou. Na escola, enquanto os alunos eram submetidos a decorar lições, o pequeno Graciliano conhecia o mundo através dos romances. “Em poucos meses li a biblioteca de Jerônimo Barreto. Mudei hábitos e linguagem”. O menino introvertido, tomado de timidez e desconfiança, crescendo em ambiente hostil, sob a impaciência severa dos pais de imensa prole, enfronhava-se com os personagens dos folhetins, aguentando a palmatória, a cartilha do Barão de Macaúbas e a língua estranha de Camões. Pode-se imaginar o peso que as leituras feitas na infância, na adolescência e mesmo na vida adulta tiveram na formação do escritor, consagrado como um dos maiores romancistas brasileiros, senão o maior, quando contava quase cinquenta anos. O filho Ricardo Ramos, que também se tornou escritor, recorda como a relação com o pai era mediada pelas impressões e comentários sobre os autores indicados: “Até que ponto fui orientado? Quanto aos monumentais romancistas, sem dúvida dancei a música dele. Mais que admirações, eram a sua atmosfera”. “Romance é tudo nessa vida”, dizia o mestre Graça. “Quando passávamos a falar de conto, havia uma ligeira baixa de interesse. Mais, visível queda de entusiasmo”. Contudo, em meados dos anos 1940, coube a Graciliano organizar uma coleção de contos de cada região do país, encomendada pela Casa do Estudante do Brasil. Fez-se novamente leitor. Releu e tresleu muita coisa, como dizia sua amiga Rachel de Queiroz. A antologia reuniu cem contos e foi publicada postumamente, em 1957. No prefácio, ele conta como se empenhou por localizar produções dos vários estados, enviando cartas a intelectuais, amigos e pesquisando em arquivos públicos. “Tesouros ignorados da literatura brasileira”, anotou o grande crítico Otto Maria Carpeaux em conversa com Graciliano. “Descobrir coisas novas, e boas, na literatura brasileira é um fraco meu. E não sei de guia mais seguro numa floresta de falsas celebridades e de valores injustamente esquecidos do que esse crítico insubornável ao meu lado, que não quer ser crítico” - continuava ele, referindo-se ao literato alagoano. Graciliano teve acesso ao arquivo da Biblioteca Nacional, sob os auspícios de Sérgio Buarque de Holanda, então diretor da instituição. “Passei lá três meses, folheando velhas revistas e jornais. Quanta coisa obsoleta, quanta besteira!”. “Nunca houve, com exceção de Machado, grandes contistas no Brasil”. No entanto, reconhece: “os verdadeiros contistas brasileiros são indivíduos que escreveram, acidentalmente, um ou outro conto sofrível e às vezes notável. Fiz algumas descobertas”. Ainda no prefácio, afirma não ter feito uma seleção rigorosa, mas representativa de um lugar, de uma época, de uma escola literária. Para ele, seria um erro exigir que todos reproduzissem o engenho e técnica machadianas. Alguns nomes reunidos na coletânea são de autores desconhecidos ou esquecidos, outros são de famosos. “Não basta, porém, dizer que se tornaram famosos: é indispensável mostrar por que se tornaram. Os nomes são insuficientes”. A proposta de ler alguns dos contos selecionados por Graciliano é motivada não apenas pela tentativa de compreender os critérios dessa ou daquela escolha, a partir das qualidades intrínsecas das produções, assimilando seus ganhos, mas também pelo exercício que será feito de escrita criativa, através de oficinas de produção textual, explorando suas possibilidades artísticas, cognitivas, terapêuticas, pedagógicas e políticas.
Justificativa
Por meio de levantamentos feitos em redes sociais e matérias na imprensa, é possível ter uma ideia de como, nos últimos anos, malgrado todas as dificuldades persistentes, a prática da leitura ganhou um forte impulso através de inciativas as mais diversas e inusitadas. Primeiro foram os “booktubers”, tipo de influenciador digital que grava resenhas e comentários dos livros lidos. Um dos maiores canais desse segmento na principal plataforma de vídeos, criado em 2014, tem quase 700 mil inscritos e 40 milhões de visualizações. Depois, tornaram-se cada vez mais comuns os clubes de leitura, espalhados pelo país e dedicados a temáticas variadas, animando o compartilhamento de experiências e ocupando o espaço público, reunidos em praças, parques, livrarias e bibliotecas. Mais recentemente, tem-se observado uma oferta crescente de oficinas e cursos de escrita criativa, para a qual há inúmeras definições. De modo geral, a escrita criativa nada mais é do que uma maneira de apender a contar histórias, tornando-as diferenciadas, mais autênticas e interessantes. Ela não se restringe, portanto, à escrita literária. Sua prática pode ajudar a aumentar a autoconfiança nas habilidades de expressão e comunicação, sendo útil em diversas atuações profissionais, tendo em vista a necessidade de realizar apresentações, reuniões e a divulgação de ideias e produtos. O sucesso de autores, como há muito não se via na literatura brasileira, também tem colaborado para o referido impulso à prática da leitura, individual e coletiva. Nomes como Itamar Vieira, Conceição Evaristo, Ronaldo Correia de Brito, Socorro Acioli, Julián Fuks e Jarid Arraes são alguns dos que figuram nas prateleiras, nas feiras literárias e nos eventos culturais, de arte e educação. Decerto, essa evidência dos escritores tem relação com o momento político do país. Como disse certa vez Machado de Assis, a literatura sempre acompanha a necessidade de dizer algo sobre a nacionalidade, que se constitui como um certo sentimento íntimo. Mas há também um mercado interessado nessas produções e em suas reverberações possíveis, seja no teatro, no cinema, na teledramaturgia ou nas séries de “streams”, renovando os produtos e os meios da indústria cultural. Algumas dessas celebridades ofertam suas próprias oficinas de escrita criativa. Seus alunos são observados por consultores editorais em busca de novos talentos e se tornam, de repente, escritores premiados. A proposta de ofertar uma oficina de leitura e escrita criativa de contos abre uma possibilidade de formação e atuação para estudantes da Licenciatura em Letras até então pouco vislumbrada, embora seja cada vez mais comum cursos superiores que formam escritores e editores, em faculdades públicas e privadas. O projeto também é uma maneira de estimular o ingresso dos participantes extensionistas no curso de Letras oferecido pelo campus, além de colocar os graduandos em contato com o público exterior ou com a comunidade que constitui o público alvo do projeto. Fazer a opção por seguir as indicações de Graciliano Ramos, lendo alguns dos contos coligidos na seleção que ele realizou, é torna-lo uma espécie de curador da oficina, cujos facilitadores e participantes serão instados a descobrir e aprender com os critérios que guiaram as escolhas do grande romancista. A linguagem sisuda, enxuta e precisa de Graciliano - feita para a brevidade do conto - consagrou sua escrita, influenciando autores e leitores, para além da literatura - como se prenunciasse a serventia da escrita criativa com seus relatórios feitos quando era prefeito e que o afamaram muito antes de publicar seus romances, tamanha a ousadia da inventiva torção feita na linguagem burocrática.
Público Alvo
Profissionais da educação e estudantes da rede pública e privada, dos níveis de ensino médio, técnico e superior; escritores amadores e profissionais; artistas e agentes culturais; comunidade local de cidadãos.
Objetivo Geral
Proporcionar a experiência da escrita criativa através da leitura de contos escolhidos por Graciliano Ramos, identificando seus critérios de composição e seleção.
Objetivo Específico
- Ler, analisar, interpretar e discutir alguns dos contos selecionados; - Relacionar o exercício progressivo da escrita a ser praticada na oficina, a aprendizagem por meio da observação e a imersão cultural através de referências variadas, tendo em vista ampliar a experiência de leitura dos participantes do projeto; - Identificar e aprender com os critérios de composição literária dos contos escolhidos pelo escritor Graciliano Ramos, incluindo os de sua autoria, tenho em vista o amplo reconhecimento da maestria de sua escrita e de seus apontamentos como crítico; - Fazer da leitura e da escrita um meio de conhecimento da história, da memória e da realidade de nossas cidades e rincões, uma vivência profunda dos valores, costumes e tradições do povo, em suas regionalidades brasileiras, uma maneira, enfim, de consolidar a identidade, a diversidade e a consciência nacionais.
Metodologia
Inicialmente, será feita a divulgação do projeto, através de redes sociais próprias e institucionais, junto a entidades representativas dos setores de educação, arte e cultura, apresentando a proposta de criação da oficina de leitura e escrita, seus objetivos e cronograma. As inscrições serão feitas por formulário virtual, com limite de vagas e período determinado. Em seguida, será criada uma sala no “google classroom”, para a inclusão dos participantes com inscrições deferidas, bem como para a postagem dos materiais que serão lidos, analisados e debatidos, de acordo com o cronograma previamente estabelecido, em encontros presenciais mensais, além de atividades de avaliação, vídeos e uma bibliografia complementar. Os encontros estão previstos para os dias 26.03, 30.04 e 28.05, a partir das 15h e ocorrerão nas áreas comuns ou em salas do IFCE, campus Baturité, caso haja disponibilidade. Pelo menos um dos encontros ocorrerá através de visitação a uma instituição histórica ou equipamento de cultura relacionado ao tema da leitura e da escrita (como a Academia Cearense Letras ou a Biblioteca Estadual do Ceará). A fase seguinte, coincidindo com o final do projeto, consistirá na conclusão das produções escritas que vinham sendo esboçadas e avaliadas ao longo dos encontros pelos participantes, com apoio e orientação dos alunos matriculados na disciplina de Projeto Social do curso de Licenciatura em Letras, ministrada pelo coordenador do projeto. Os alunos da referida disciplina (ainda não curricularizada) terão dentre suas atividades didáticas o acompanhamento das ações do projeto. Para tanto, serão incluídos como membros da equipe do projeto, conforme um critério de seleção. Os participantes devem perfazer 75% da frequência para a obtenção de declaração de participante e/ou de membro da equipe de execução do projeto. Os contos produzidos serão aproveitados na elaboração de um site/blog confeccionado e hospedado em plataforma “gratuita” (Canva), cujo endereço circulará pelos meios através dos quais o projeto foi incialmente divulgado (redes sociais próprias e institucionais), e pelos meios a que os participantes tenham acesso, tendo em vista alcançar amplamente o público externo. Alguns contos selecionados serão lidos por perfis em redes sociais que já fazem esse tipo de divulgação ou pelos próprios participantes do projeto, autores dos contos.