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Campus:
CAMPUS CAUCAIA
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
LITERATURA PRETA - CLUBE DE LEITURA
Área Temática:
Cultura
Linha de Extensão:
Diversidade Étnico-racial
Data de Início:
03/09/2024
Previsão de Fim:
28/02/2025
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
50
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
300
Local de Atuação:
Urbano
Fomento:
Edital 01/2024 – Edital para seleção de bolsistas de extensão para os programas/núcleos e projetos institucionais
Programa Institucional
NEABIs
Modelo de Oferta da Atividade:
Semi-Presencial
Formas de Avaliação:
Participação
Frequência
Reunião
Debate
Trabalhos Escritos
Formas de Divulgação:
Cartaz
E-mail
Site institucional
Redes sociais
Entrega presencial de convites
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Jersey Oliveira de Albuquerque
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Edilene Teixeira da Silva IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Francisca Maria Damasceno Gois IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Francisca Natalia Sampaio Pinheiro Monteiro IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Francisco Glauco Gomes Bastos IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/10/2024 03/02/2025
Hellen de Souza Gomes IFCE Integrante Discente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Jamile Costa Fernandes IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 3 04/10/2024 02/02/2025
Jersey Oliveira de Albuquerque IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 03/09/2024 28/02/2025
Joelma Nogueira dos Santos IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Kaliel Lucas Gabriel Rodrigues IFCE Integrante Discente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Letícia Jheniff Sales Paulino IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 04/10/2024 02/02/2025
Lucas Moreira Matos IFCE Integrante Discente IFCE Sim 12 03/09/2024 03/02/2025
Marlene de Alencar Dutra IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Nericilda Bezerra da Rocha IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 03/09/2024 03/02/2025
Rannadia da Silva Virgulino IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 3 04/10/2024 02/02/2025
Robson Pontes Custodio IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/10/2024 03/02/2025
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Orçamento:
Conta Valor
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Material de Consumo 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Encargos Patronais 0.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 2800.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
O projeto consiste na realização de um clube de leitura de obras literárias de autores pretos e pretas. Com duração de 6(seis) meses serão lidas duas obras: “Quarto de Despejo: diário de uma favelada” de Carolina Maria de Jesus e “Memórias Póstumas de Bráz Cubas” de Machado de Assis. Pretendemos com isso tanto valorizar a produção literária de mulheres pretas, no caso de Carolina, como fixar no imaginário de nossos participantes autores geralmente não reconhecidos no senso comum como pretos, no caso de Machado. Nesse sentido o projeto busca auxiliar no combate tanto do Epistemicídio imposto contra as populações pretas no país quanto na melhoria do hábito de leitura dos participantes, num contexto de baixa leitura e capacidade de interpretação da maioria da população brasileira. O público alvo, além dos discentes e servidores do IFCE Caucaia, são pais e parentes de alunos e servidores, integrantes de movimentos sociais, membros de outros clubes literários, estudantes e trabalhadores de outras instituições de ensino da cidade de Caucaia, do Estado do Ceará e de outros Estados do Brasil. Devido ao seu caráter semipresencial, de alternância da realização de encontros online com criação de clubes presenciais locais pelos participantes, será possível abarcar diversos públicos que estejam interessados no letramento racial através da leitura literária de clássicos de autores pretos e pretas. O projeto tem parceria do NEABI do IFCE Caucaia e conta com toda a sua equipe em sua organização, sendo a primeira grande atividade desenvolvida pelo núcleo em seu recente retorno as suas atividades.
Justificativa
A literatura é parte integrante do complexo artístico tal como nos afirma Lucaks(2009). assim esta não pode ser reduzida ao pensamento científico, pois enquanto este se baseia na epistemologia moderna o outro se baseia na experiência (BANJAMIN, 2008). É possível fazer uma crítica da arte, colocar o justo equilíbrio entre suas parte, relacionar os diferentes aspectos da estética de uma obra ou averiguar a expressão da intenção do diretor, escritor ou artista na obra pronta, mas jamais podemos reproduzir no discurso cientifico o que "se sente" ao estar em contato com a obra(KONDER, 2005). É nesse sentido de aproximar a crítica da arte com a experiência da arte que se propõe o projeto LITERATURA PRETA vinculado ao NÚCLEO DE ESTUDOS AFROBRASILEIROS E INDÍGENAS, do Instituto Federal do Ceará – Campus Caucaia. O projeto consiste na criação de um espaço aberto ao público alvo do projeto para leitura guiada de obras da literatura escrita por autores e autoras pretos e pretas do Brasil. Se articularão também nesse sentido as dimensões imagéticas dessas obras e suas derivações no cinema, no teatro, na arquitetura e na pintura e farão parte dos conjuntos de artefatos disponibilizados para os participantes do projeto de extensão. A literatura das lutas das populações pretas é composta por livros de gêneros ficcionais ou não, de proza e/ou de poesia que falem das das lutas que estes realizaram ao longo dos séculos, de sua vida no campo e na cidade, nas zonas pobres em que são alocados a maior parte de seus membros, de suas expressões particulares e gerais nas questões da: luta das mulheres pretas, de sua comunidade LGBTQI+, de suas pontes com os povos originários da floresta, de suas expressões quilombolas, das organizações políticas que lutaram por conquistas democráticas ou revolucionárias e pelos grupos culturais ,em suas mais diversas matizes, ligados a esses povos, como o samba, o maracatu, o blues, o soul, a música popular brasileira, e etc. Importante lembrar os desdobramentos da Lei 10.639/03 através das Diretrizes Nacionais Curriculares de 2004 que afirma serem obrigatórios no ensino fundamental e médio: 1- O Estudo da História da África e dos africanos no Brasil; 2- A luta nos Negros no Brasil; 3- A Cultura Negra Brasileira e o Negro na Formação da Sociedade Nacional, resgatando contribuições do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes a História do Brasil; 4-Inclusão no calendário do 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência negra e 5- Os conteúdos devem ser trabalhados em todo o currículo escolar, com ênfase nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira ”(BRASIL, 2003). Com isso a lei e as ações que buscam implementa-la suprem uma lacuna que ainda persiste no currículo escolar de orientação eurocêntrica que acaba por ser tornar entraves para crianças e jovens pretos e pretas que não são enxergados no ambiente escolar com especificidades étnicas. Ainda, a lei fortifica no Brasil a problematização sobre tais narrativas epistemicídas. Ajuda a ver o tema para além de uma “ação militante” que seria responsável apenas pelo “professor negro letrado racialmente”, sendo agora uma responsabilidade institucional. Mesmo com muito a avançar, por si só a lei é um grande avanço. Mesmo por que a escola muitas vezes também e lugar de reprodução do racismo estrutural, com a criança ou o jovem negro/negra podendo encontrar pela primeira vez nesse espaço tal fenômeno opressor. Seja no currículo não adaptado, nos murais, nas festividades e na própria relação com outros estudantes através de xingamentos, apontamentos em relação ao seu cabelo, sobre sua cor da pele e etc. Isso tende a gerar muita dor no indivíduo atingindo dificultando seu processo de aprendizagem em relação ao seu cabelo ou sobre a cor da sua pele. Dai o desafio da escola de ensinar crianças e jovens a: 1- Respeitar os outros colegas ao reconhecer que a história do negro é importante, pois sua contribuição não foi apenas com força de trabalho mas também com cultura, arte, literatura e etc. Essa história não se restringe a escravidão; 2- Empoderar-se enquanto negro e negra através do conhecimento de sua própria história e de como isso constitui sua personalidade, suas angústias, seu projeto de vida e lugar de fala; 3- Conseguir ajudar no direcionamento dessa dor e vergonha impostas socialmente para a ação pelo reconhecimento da identidade de seu povo e de sua história. Reconhecendo-se enquanto sujeito belo, pertencente a uma comunidade histórico-cultural, inteligente e cheio de potencialidades. São também desafios da escola nesse quesito: Encontrar materiais didáticos que não retratem o negro apenas nas profissões costumeiramente identificadas com ele(porteiro, empregada doméstica, gari e etc.), importantíssimas, mas não únicas possibilidades de profissão, quebrando estereótipos. Combater o racismo religioso, forma específica de racismo que menospreza e demoniza as religiões de matriz africana e também sua cosmovisão, cujo senso comum nomina de forma jocosa e preconceituosa. A visão estigmatizada da população preta que vive na favela como sinônimo de ilicitude e dos julgamentos da trajetória de jovens negros sem as determinações estruturais sociais como apenas fruto de escolhas individuais. Com isso espera-se evitar erros básicos da tratativa do tema na escola, quais sejam: deixar apenas para o dia 20 de novembro para fazer algo; pensar que na sua disciplina ou conteúdo não dá para aplicar a lei; achar que não precisa de formação sobre a Lei; esperar que o “professor negro” ou “militante” faça; preocupar-se em falar negro ou preto; dizer que “os próprios negros são racistas!”; pensar que essa é uma pauta só do movimento negro; achar que o racismo atinge só negros e etc. Essas preocupações não podem passar apenas pelo conteúdo. Como afirma a lei mas também tem que envolver os métodos e as metodologias e por isso o uso da literatura. A literatura de forma geral tem uma forma mais palatável ao senso comum que o duro texto científico, que apesar de necessário como aprofundamento das questões políticas e estilísticas da obra literária, pode não ser a melhor porta de entrada para esses assuntos. Dai que o projeto se propõe a tanto ajudar no processo do "conhece-te a ti mesmo"(GRAMSCI, 2002) dos participantes como no conhecimento da literatura de autores/autoras pretos e pretas.
Público Alvo
O público alvo deste projeto será representado pelas (os) trabalhadoras/es, negras/os, quilombolas, indígenas, LGBTT, juventudes, idosos, servidores públicos, pessoas com deficiência, estudantes, professores, escritores, profissionais de diversas áreas, organizações de classe, dirigentes, militantes, e qualquer um que demonstre interesse e que possa dedicar um determinado tempo à leitura e críticas das obras que serão lidas. O contato com essas pessoas se dará pela comunidade escolar pela natureza da Instituição, visto que o IFCE, forma professores e profissionais de diversas áreas, e estes têm potencial de constituir rede de multiplicadores e disseminadores de saberes pró-letramento racial: assim nossos estudantes, servidores, pais de estudantes podem polinizar novos locais, levando conhecimento e práticas de criação de clubes de leitura. Pessoas que visitarem o campus do IFCE Caucaia, inclusive externas a esta comunidade, também terão a oportunidade de visualizar o material de convite a participação do projeto. As redes sociais potenciarão esse processo de recrutamento trazendo públicos diversos extra instituição para participar de um clube de leitura guiado por professores de diversas áreas do conhecimento comprometidos com o letramento racial. A proposta tem em sua simplicidade seu ponto de atração: aprenda a combater o racismo lendo clássicos da literatura. Em conversas inicias com diversos membros da comunidade escolar dos interesses de convite de membros externo ligados a esses membros para um clube de leitura chegamos a uma estimativa de 50 participantes convidados por estes. Soma-se isso aos participantes de um público clubista produzido anteriormente por um outro projeto criado pelo coordenador do projeto LITERATURA PRETA, na mesma linha de formação de público crítico através da literatura brasileira e mundial chamado de LITERATURA E REVOLUÇÃO, realizado na UECE entre março e dezembro de 2021. Em conversas com estes, vimos a demanda de mais 50 pessoas interessadas em participar. Estes serão o público externo, diretamente afetado pelo projeto. Considerando o impacto indireto, com a possibilidade cada um desses criando clubes de leitura locais de no mínimo 2(duas) pessoa onde habitam, esse número chega a pelo menos mais 100 pessoas afetadas indiretamente, de públicos diversos.
Objetivo Geral
Possibilitar, por meio da linguagem literária, ao público alvo do projeto a experiência com obras seminais sobre a literatura escrita por autores pretos e pretas -, e assim construir instrumentos estéticos, políticos e culturais capazes de enfrentar o racismo, a opressão, a exploração, subalternização e as restrições de liberdades democráticas.
Objetivo Específico
1. Estudar o estilo literário de cada obra em ligação com a condição preta do escritor(a) 2. Aprender a desenvolver críticas artístico/literárias de obras literárias; 3. Refletir sobre a a vida e luta dos povos pretos na américa e no mundo; 4. Fortalecer a formação estética (acesso, leitura, interpretação, reflexão e produção) na região de Caucaia através da literatura.
Metodologia
O projeto se divide em três tipos de espaço, com suas respectivas cargas horárias e modalidades (presencial ou online) 1- Clube de Leitura LP online: No primeiro espaço, de caráter online, a ser realizado pelo Google Meet os participantes se reúnem com orientação da equipe multidisciplinar que coordena o projeto onde realiza-se uma leitura coletiva e comentada da obra literária escolhida. Além da leitura reflexiva, ao fim do espaço se passa a leitura de capítulos posteriores ao que foi lido durante o espaço para ser feito no clube de leitura presencial até a próxima reunião online. Carga horária: encontros quinzenais de 2hrs de duração totalizando 20 horas até o fim do projeto. 2- Clube de Leitura LP presencial: O segundo espaço é o momento presencial onde deve-se formar clubes locais com dois ou mais participantes que vão ler juntos os capítulos passados “para casa”. O bolsista do projeto acompanhará esses grupos que ocorrerem no espaço escolar durante a realização de sua carga horária. Prevemos apenas no campus Caucaia a criação de seis clubes presenciais. Os participantes desses clubes presenciais realizam anotações sobre o que leram e levam na semana seguinte para o espaço online. Reiniciando o ciclo. Carga Horária: Encontros quinzenais de 2hrs totalizando 20 horas por clube presencial criado. Somados os seis clubes previstos temos 120hrs de carga horária presencial até o fim do projeto. Este número pode aumentar conforme a criação de clubes presenciais por membros externos a comunidade escolar que participarem. Obs: A variedade de clubes no espaço escola justifica-se pelos horários variáveis dos alunos, técnicos, docentes e de membros externos a comunidade escolar que desejarem se somar aos núcleos presenciais formados no ambiente escolar. 3- Clube de Leitura LP Debate- Há ainda um terceiro espaço caracterizado por debates bimestrais presenciais com os seguintes temas: 1- “Vida, obra e negritude de Carolina Maria de Jesus”, a ser realizado ao fim da leitura da obra da autora no clube; 2- “Vida, obra e negritude de Machado de Assis”, a ser realizado ao fim da leitura da obra do autor; 3- Debate sobre a importância do 20 de novembro, dia da luta contra o racismo. Os debates serão realizados no auditório do Campus Caucaia. Carga Horária: 3hrs para cada debate, totalizando 9 horas. Obs: além dos membros da coordenação do projeto, nas mesas teremos convidados estudiosos e/ou membros do movimento negro do Ceará, bem como membros e membras de outros Neabis. 4- Todo o processo será acompanhado pela criação de página no Instagram que reunirá os registros de ambos os espaços e servirá também para a divulgação das obras dos autores pretos e pretas além de local de convite para a participação do projeto e do conhecimento sobre sua concepção.