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Campus:
CAMPUS SOBRAL
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NA EDUCAÇÃO E A RESISTÊNCIA AO CONSERVADORISMO
Área Temática:
Educação
Linha de Extensão:
Diversidade sexual
Data de Início:
15/07/2025
Previsão de Fim:
15/01/2026
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
30
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
80
Local de Atuação:
Urbano
Fomento:
Edital 04/2025 – Edital para seleção de bolsistas de extensão para os programas/núcleos e projetos institucionais
Programa Institucional
-
Modelo de Oferta da Atividade:
Presencial
Municípios de abrangência
Sobral
Formas de Avaliação:
Participação
Questionário
Relatório
Frequência
Debate
Formas de Divulgação:
Cartaz
E-mail
Site institucional
Redes sociais
Convite
Articulações institucionais
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Marilia Duarte Guimaraes
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Aline de Melo Freire IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 15/07/2025 15/01/2026
Aline Gurgel Rego IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 2 15/07/2025 15/01/2026
Cristiano Paiva Marques IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 15/07/2025 15/01/2026
Eliano Vieira Pessoa IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 15/07/2025 15/01/2026
Geovana Maria Fernandes de Sousa IFCE Integrante Discente IFCE Não 2 15/07/2025 15/01/2026
Karina Carvalho dos Santos Prefeitura Municipal de Sobral Integrante Sem vínculo Não 2 15/07/2025 15/01/2026
Maria Aparecida Alves da Costa IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 15/07/2025 15/01/2026
Marilia Duarte Guimaraes IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 15/07/2025 15/01/2026
Tarsia Nayara Massary Fonseca Fórum Cearense de Mulheres Integrante Sem vínculo Não 2 15/07/2025 15/01/2026
Vanágila Kédna Xavier Rodrigues IFCE Integrante Discente IFCE Sim 12 01/08/2025 31/12/2025
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Fórum Permanente de Diversidade Sexual e Gênero de Sobral (FOGEN) Não
Fórum Cearense de Mulheres Não
Orçamento:
Conta Valor
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 2800.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Encargos Patronais 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Material de Consumo 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
Este projeto é desenvolvido no âmbito do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDS) do IFCE campus Sobral e propõe promover formação continuada de profissionais da educação, visando à reflexão crítica das vivências escolares frente ao avanço do conservadorismo para o fortalecimento de práticas pedagógicas comprometidas com a diversidade.
Justificativa
Nos últimos anos, as escolas públicas brasileiras, em especial professoras e professores, têm enfrentado um cenário marcado por ataques e ofensivas de caráter antidemocrático, com o avanço do chamado novo conservadorismo (Lacerda, 2019), que faz crescer a interferência de forças associadas ao resgate de valores tradicionais no campo educacional, sobretudo em instituições de ensino do interior estado do Ceará. Movimentos como o Escola sem Partido ganham força ao promover denúncias contra docentes com base em acusações de “ideologia de gênero” e “doutrinação ideológica”. Ataques que se manifestam por meio de gravações, exposição de conteúdos pessoais em redes sociais e processos administrativos movidos por setores conservadores da sociedade. Segundo o relatório “Educação sob Ataque no Brasil” (ABGLT/ANTRA, 2022), entre 2014 e 2020, foram registrados mais de 200 casos de perseguição a docentes que abordaram questões de gênero e sexualidade em sala de aula. Além disso, o levantamento da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (2022) aponta que um em cada três professores já deixou de discutir esses temas por medo de retaliações. Como resultado, instalou-se um ambiente de desconfiança e vigilância nas escolas, o que tem favorecido a implementação de mecanismos de controle do trabalho docente e políticas educacionais que ameaçam a autonomia pedagógica. Contexto que reflete um fenômeno mais amplo de avanço do conservadorismo no campo educacional brasileiro, como discutem Piaia (2019), Lacerda (2019) e Pinheiro-Machado & Vargas-Maia (2023). Diante desse cenário, torna-se urgente fomentar espaços de reflexão crítica que possibilitem aos profissionais da educação compreender e enfrentar os impactos do avanço do conservadorismo nas escolas. Por isso, o Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual do IFCE campus Sobral propõe, por meio de ações de formação continuada voltadas aos profissionais da educação, promover uma discussão analítica sobre o conservadorismo no campo educacional e seus modos de atuação no cotidiano escolar. Acreditamos que compreender esse fenômeno social — suas estratégias, recursos retóricos e fundamentos ideológicos — é um passo essencial para construir, de forma coletiva, argumentos sólidos que sustentem a resistência e a interdição dessas investidas. Ao lançar luz sobre os efeitos do conservadorismo nas práticas pedagógicas e nas políticas escolares, esse processo formativo busca fornecer ferramentas analíticas que capacitem os profissionais contra os avanços do conservadorismo bem como fomentar práticas pedagógicas comprometidas com a diversidade e os direitos humanos e fortalecer a autonomia docente visando uma educação democrática, plural, inclusiva e livre de violências. Além disso, o projeto se propõe também a ser um chamado à ação e ao fortalecimento de pesquisas, ações extensionistas, políticas e práticas educativas comprometidas com a educação pública e sua pluralidade no interior do Ceará.
Público Alvo
Professores da Educação Básica e discentes de outras instituições de ensino.
Objetivo Geral
Promover formação continuada de profissionais da educação, visando à reflexão crítica das vivências escolares frente ao avanço do conservadorismo para o fortalecimento de práticas pedagógicas comprometidas com a diversidade.
Objetivo Específico
● Compreender o contexto sociopolítico do conservadorismo das experiências das pessoas participantes em suas instituições. ● Identificar os principais discursos e estratégias retóricas dos movimentos antigênero e sua presença no cotidiano escolar dos participantes. ● Estimular a reflexão crítica sobre gênero, sexualidade e diversidade no ambiente escolar, a partir de experiências e vivências profissionais. ● Oferecer subsídios teóricos e metodológicos para o desenvolvimento de práticas pedagógicas comprometidas com os direitos humanos, a diversidade e a equidade de gênero.
Metodologia
O projeto será desenvolvido por meio do planejamento e execução de quatro formações continuadas, por meio de minicursos com carga horária total de 20h, de forma presencial e 4 de atividade remota, destinadas a profissionais da educação, especialmente, da rede pública de ensino. As formações ocorrerão ao longo de quatro meses, com duração de 4 horas cada, alternando entre encontros presenciais e remotos. As atividades contarão com o apoio institucional do IFCE campus Sobral, que oferece infraestrutura adequada para sua realização, com amplo auditório equipado para os encontros presenciais e recursos tecnológicos que garantem a qualidade das formações em ambiente virtual. A partir disso, o projeto de extensão será desenvolvido abrangendo quatro momentos: etapa preparatória; etapa de divulgação; etapa de realização das formações; e etapa de sistematização e avaliação. 1. Etapa preparatória: Definição de cronograma; planejamento das ações; convite aos formadores. 2. Etapa de divulgação e articulação com as instituições de ensino: Divulgação do projeto de extensão nas redes sociais e sites institucionais; mobilização de escolas públicas, instituições de ensino superior e comunidades escolares por meio de parcerias institucionais; convite às escolas parceiras do IFCE campus Sobral que desenvolvem projetos como PIBID, PET, Estágios e Partiu IFCE. 3. Realização das formações: Execução das atividades formativas com os participantes em formato presencial e virtual; A metodologia da ação prevê a realização de atividades formativas em formato híbrido, combinando encontros presenciais e momentos remotos síncronos, por meio da plataforma Google Meet. Durante esses encontros, serão promovidas leituras dirigidas, discussões temáticas, oficinas práticas e socializações de experiências. 4. Sistematização e avaliação: Registro das experiências; aplicação de instrumentos avaliativos; elaboração de relatório final do projeto. As abordagens pedagógicas adotadas são de natureza formativa, e serão fundamentadas na educação crítica e dialógica, com diferentes procedimentos didáticos-pedagógicos: ● Leituras prévias ● Apresentação dialogada ● Roda de discussão ● Atividades práticas quanto ao uso de metodologias inclusivas. Cada formação será realizada em três momentos: a) Momento de estudo: destinado a realização individual das leituras previamente indicadas e disponibilizadas por ocasião da inscrição. b) Momento de formação: de caráter presencial, tem como objetivo promover a reflexão crítica sobre o avanço do conservadorismo nas escolas, a partir da contextualização histórica dos discursos antigênero e apresentar estratégias pedagógicas comprometidas com a diversidade e os direitos humanos. c) Momento de síntese: feita como uso de ferramenta da web, envolve a realização de avaliação da formação, ação que objetiva orientar melhorias para a posterior replicação da formação. Formação 1: Discursos e políticas antigênero na escola Nesta formação, convidamos profissionais da educação a compreender os discursos e ações políticas que compõem o movimento antigênero, mobilizado por alianças entre grupos conservadores, religiosos e políticos. A partir de uma análise histórica e contextualizada, apresentamos um Glossário Crítico (Lima et al, 2025) composto pelos seguintes verbetes: combate à doutrinação ideológica; combate à "ideologia de gênero"; centralidade da família; liberdade; qualidade; desenvolvimento nacional; resgate da ordem social; disciplina; patriotismo e civismo; e segurança, oferecendo uma descrição crítica, de acepções empregadas em distintos contextos. Formação 2: O avanço da agenda antitrans na educação Esta formação analisa a crescente articulação de projetos legislativos e discursos públicos que visam restringir os direitos de pessoas trans e travestis nas instituições educacionais brasileiras. Com base nas contribuições de Gomes e Teixeira (2024), apresentamos três frentes principais de ataque: a repressão à linguagem neutra/não binária, a oposição a banheiros unissex e a defesa seletiva de “valores familiares” como justificativa para censura de conteúdos sobre gênero e sexualidade. Discutimos como essas iniciativas, mesmo sem aprovação legal, operam simbolicamente na produção de pânicos morais, reforçando normas cisheteronormativas e enfraquecendo o pensamento crítico nas escolas. Formação 3: Práticas pedagógicas em direitos humanos, diversidade e equidade de gênero. Esta formação tem como objetivo sensibilizar e popularizar os fundamentos das práticas pedagógicas fundamentadas em direitos humanos, diversidade e equidade de gênero, com o intuito de apoiar profissionais da educação na construção de sequências didáticas sensíveis à gênero e diversidade sexual. Em um espaço de diálogo e reflexão crítica, serão abordadas estratégias para promover ambientes escolares mais inclusivos, respeitosos e comprometidos com a justiça social, enfrentando preconceitos e contribuindo para a formação humana de estudantes a partir de adaptações curriculares e vivências práticas inclusivas. Formação 4: Práticas docentes e resistência à censura: reflexões e estratégias Esta formação propõe reflexões e estratégias para que profissionais da educação enfrentem tentativas de censura e se protejam contra violências simbólicas e materiais, tanto no ambiente escolar quanto nas redes digitais. Serão discutidos mecanismos de respaldo legal e formas de organização coletiva que asseguram a liberdade de ensinar, os direitos humanos e o compromisso da escola com a diversidade e a democracia. A formação abordará práticas de intimidação dirigidas a educadoras(es), com a apresentação do Manual de Defesa contra a Censura nas Escolas (2022), como ferramenta para fortalecer a autonomia docente e a conscientização sobre violações cotidianas que, muitas vezes, passam despercebidas entre os próprios educadores. A equipe executora será composta por servidores/as docentes, técnicos/as e estudantes do IFCE vinculados ao Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual campus Sobral, com a participação ativa de discentes bolsistas e/ou voluntários/as, responsáveis por apoiar o planejamento, a mediação das formações e a sistematização das atividades. A comunidade externa participa como público-alvo prioritário, especialmente profissionais da educação, gestores/as escolares, futuros professores, discentes e integrantes de movimentos sociais ligados à pauta de gênero e diversidade, como o Fórum Cearense de Mulheres e o Fórum LGBTQIA+ de Sobral, importantes parceiros do NUGEDS/Sobral. Serão utilizados recursos materiais como projetor, computador, internet, materiais gráficos (glossários impressos), além de plataformas digitais nos casos das atividades remotas (Google Meet). Também serão utilizados textos acadêmicos, artigos científicos, legislações, documentos oficiais e mídias diversas como suporte para estudo e reflexão. As formações serão avaliadas de modo processual durante os encontros, nos quais os participantes precisarão realizar um registro sobre as atividades desenvolvidas naquele dia, assim como participar de uma roda de conversa sobre as contribuições da formação para a aquisição de conhecimentos sobre gênero e sexualidade na educação e para seu desenvolvimento profissional. Além disso, outro procedimento avaliativo final, após as atividades presenciais, os participantes deverão responder a um formulário online (Google Forms) avaliando as atividades desenvolvidas. Com o objetivo de ampliar o impacto do projeto extensionista e democratizar o acesso às reflexões e conhecimentos produzidos ao longo das formações, todas as etapas do projeto serão acompanhadas por ações de divulgação nas redes sociais do NUGEDS/Sobral. Serão compartilhadas experiências, vídeos curtos e releases que sintetizem as atividades desenvolvidas. Além disso, o projeto prevê a realização de uma roda de conversa aberta à comunidade acadêmica como estratégia de socialização dos principais resultados e para debater caminhos para a continuidade das ações formativas.