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Campus:
CAMPUS CAUCAIA
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
LITERATURA INDÍGENA - CLUBE DE LEITURA
Área Temática:
Cultura
Linha de Extensão:
Diversidade Étnico-racial
Data de Início:
04/08/2025
Previsão de Fim:
02/03/2026
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
50
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
300
Local de Atuação:
Urbano
Fomento:
Edital 04/2025 – Edital para seleção de bolsistas de extensão para os programas/núcleos e projetos institucionais
Programa Institucional
NEABIs
Modelo de Oferta da Atividade:
Semi-Presencial
Municípios de abrangência
Caucaia
Formas de Avaliação:
Participação
Frequência
Reunião
Debate
Trabalhos Escritos
Formas de Divulgação:
Cartaz
E-mail
Site institucional
Redes sociais
Entrega presencial de convites
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Jersey Oliveira de Albuquerque
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Edilene Teixeira da Silva IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Francisca Maria Damasceno Gois IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Francisca Natalia Sampaio Pinheiro Monteiro IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Jersey Oliveira de Albuquerque IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 04/08/2025 02/03/2026
Marina Freire Crisostomo de Morais IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Marlene de Alencar Dutra IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Pablo Henrique de Souza Carneiro IFCE Integrante Discente IFCE Sim 12 04/08/2025 04/02/2026
Rannadia da Silva Virgulino IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Robson Pontes Custodio IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 04/08/2025 02/03/2026
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Orçamento:
Conta Valor
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 2800.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Encargos Patronais 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Material de Consumo 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
O projeto consiste na realização de um clube de leitura de obras literárias de autores indígenas. Com duração de 6(seis) meses serão lidas duas obras: “Ideias para adiar o fim do mundo” de Ailton Krenak e “O Karaiba: uma história do pré-brasil” de Daniel Munduruku . Pretendemos com isso tanto valorizar a produção literária indígena, como fixar no imaginário de nossos participantes autores geralmente não reconhecidos no senso comum. Nesse sentido o projeto busca auxiliar no combate tanto do Epistemicídio imposto contra as populações indígenas no país quanto na melhoria do hábito de leitura dos participantes, num contexto de baixa leitura e capacidade de interpretação da maioria da população brasileira. O público alvo, além dos discentes e servidores do IFCE Caucaia, são pais e parentes de alunos e servidores, integrantes de movimentos sociais, membros de outros clubes literários, estudantes e trabalhadores de outras instituições de ensino da cidade de Caucaia, do Estado do Ceará e de outros Estados do Brasil. Devido ao seu caráter semipresencial, de alternância da realização de encontros online com criação de clubes presenciais locais pelos participantes, será possível abarcar diversos públicos que estejam interessados na cultura indígena através da leitura literária de seus autores. O projeto tem parceria do NEABI do IFCE Caucaia e conta com toda a sua equipe em sua organização, sendo a primeira grande atividade desenvolvida pelo núcleo em seu recente retorno as suas atividades.
Justificativa
A literatura é parte integrante do complexo artístico tal como nos afirma Lucaks(2009). assim esta não pode ser reduzida ao pensamento científico, pois enquanto este se baseia na epistemologia moderna o outro se baseia na experiência (BANJAMIN, 2008). É possível fazer uma crítica da arte, colocar o justo equilíbrio entre suas partes, relacionar os diferentes aspectos da estética de uma obra ou averiguar a expressão da intenção do diretor, escritor ou artista na obra pronta, mas jamais podemos reproduzir no discurso cientifico o que "se sente" ao estar em contato com a obra (KONDER, 2005). É nesse sentido de aproximar a crítica da arte com a experiência da arte que se propõe o projeto LITERATURA INDÍGENA vinculado ao NÚCLEO DE ESTUDOS AFROBRASILEIROS E INDÍGENAS, do Instituto Federal do Ceará – Campus Caucaia. O projeto consiste na criação de um espaço aberto ao público alvo do projeto para leitura guiada de obras da literatura escrita por autores e autoras indígenas do Brasil. Se articularão também nesse sentido as dimensões imagéticas dessas obras e suas derivações no cinema, no teatro, na arquitetura e na pintura e farão parte dos conjuntos de artefatos disponibilizados para os participantes do projeto de extensão. A literatura das lutas das populações pretas é composta por livros de gêneros ficcionais ou não, de proza e/ou de poesia que falem das lutas que estes realizaram ao longo dos séculos, de sua vida no campo e na cidade, nas zonas pobres em que são alocados a maior parte de seus membros, de suas expressões particulares e gerais nas questões da: luta das mulheres pretas, de sua comunidade LGBTQI+, de suas pontes com os povos originários da floresta, de suas expressões quilombolas, das organizações políticas que lutaram por conquistas democráticas ou revolucionárias e pelos grupos culturais ,em suas mais diversas matizes, ligados a esses povos, como o samba, o maracatu, o blues, o soul, a música popular brasileira, e etc. Importante lembrar os desdobramentos da Lei 10.645/08 através Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a Educação Escolar Indígena de 2012 que afirmam serem obrigatórios na educação indígena no ensino fundamental e médio: 1- Educação Intercultural e Bilíngue: as DCNs enfatizam a importância de uma educação que promova o diálogo entre a cultura indígena e a cultura dominante, respeitando as línguas e os conhecimentos tradicionais; 2- Contextualização e Autonomia: a educação deve ser contextualizada à realidade de cada comunidade indígena; 3- Direitos Linguísticos e Culturais: as DCNs garantem os direitos linguísticos e culturais dos povos indígenas, incluindo a possibilidade de utilizar suas línguas maternas no processo de ensino e aprendizagem.; 4-Direitos Linguísticos e Culturais: as DCNs garantem os direitos linguísticos e culturais dos povos indígenas, incluindo a possibilidade de utilizar suas línguas maternas no processo de ensino e aprendizagem. e 5- Formação de Professores Indígenas: as DCNs também se preocupam com a formação inicial e continuada de professores indígenas” (BRASIL, 2003). Com isso, a lei e as ações que buscam implementa-la, suprem uma lacuna que ainda persiste no currículo escolar de orientação eurocêntrica que acaba por ser tornar entraves para crianças e jovens indígenas que não são enxergados no ambiente escolar com especificidades étnicas. Ainda, a lei fortifica no Brasil a problematização sobre tais narrativas epistemicídas. Ajuda a ver o tema para além de uma “ação militante” que seria responsável apenas pelo “professor indígena ou negro letrado racialmente”, sendo agora uma responsabilidade institucional. Mesmo com muito a avançar, por si só a lei é um grande avanço. Mesmo por que a escola muitas vezes também e lugar de reprodução do racismo estrutural, com a criança ou o jovem indpigeba podendo encontrar pela primeira vez nesse espaço tal fenômeno opressor. Seja no currículo não adaptado, nos murais, nas festividades e na própria relação com outros estudantes através de xingamentos, apontamentos em relação a cultura indígena real que não se encaixa com a cultura estereotipada atribuída ao indígena, sobre sua cor da pele e etc. Isso tende a gerar muita dor no indivíduo atingindo dificultando seu processo de aprendizagem em relação ao seu pertencimento étnico. Dai o desafio da escola de ensinar crianças e jovens a: 1- Respeitar os outros colegas ao reconhecer que a história do indígena é importante, pois sua contribuição não foi apenas com força de trabalho mas também com cultura, arte, literatura e etc. Essa história não se restringe a opressão sofrida; 2- Empoderar-se enquanto indígena através do conhecimento de sua própria história e de como isso constitui sua personalidade, suas angústias, seu projeto de vida e lugar de fala; 3- Conseguir ajudar no direcionamento dessa dor e vergonha impostas socialmente para a ação pelo reconhecimento da identidade de seu povo e de sua história. Reconhecendo-se enquanto sujeito belo, pertencente a uma comunidade histórico-cultural, inteligente e cheio de potencialidades. São também desafios da escola nesse quesito: Encontrar materiais didáticos que não retratem o indígena apenas nos estereótipos costumeiramente identificadas com eles (cocar na cabeça, cânticos genéricos, que são “atrasados”, que apenas vivem “isolado na floresta”, dentre outros elementos do senso comum.). Combater o racismo religioso, forma específica de racismo que menospreza e demoniza a cosmovisão indígena, cujo senso comum nomina de forma jocosa e preconceituosa. Com isso espera-se evitar erros básicos da tratativa do tema na escola, quais sejam: deixar apenas para o dia 19 de abril(dia dos povos indígenas) para fazer algo, inclusive esquecendo também o dia 20 de janeiro, dia da consciência indígena; pensar que na sua disciplina ou conteúdo não dá para aplicar a lei; achar que não precisa de formação sobre a Lei; esperar que o “professor indígena” ou “militante” faça; usar o termo “índio” e não “indígena”; dizer que “os indígenas pararam no tempo”; pensar que essa é uma pauta só do movimento indígena e etc. Essas preocupações não podem passar apenas pelo conteúdo. Como afirma a lei mas também tem que envolver os métodos e as metodologias e por isso o uso da literatura. A literatura de forma geral tem uma forma mais palatável ao senso comum que o duro texto científico, que apesar de necessário como aprofundamento das questões políticas e estilísticas da obra literária, pode não ser a melhor porta de entrada para esses assuntos. Dai que o projeto se propõe a tanto ajudar no processo do "conhece-te a ti mesmo"(GRAMSCI, 2002) dos participantes como no conhecimento da literatura de autores/autoras indígenas.
Público Alvo
O público alvo deste projeto será representado pelas (os) trabalhadoras/es, negras/os, quilombolas, indígenas, LGBTT, juventudes, idosos, servidores públicos, pessoas com deficiência, estudantes, professores, escritores, profissionais de diversas áreas, organizações de classe, dirigentes, militantes, e qualquer um que demonstre interesse e que possa dedicar um determinado tempo à leitura e críticas das obras que serão lidas. O contato com essas pessoas se dará pela comunidade escolar pela natureza da Instituição, visto que o IFCE, forma professores e profissionais de diversas áreas, e estes têm potencial de constituir rede de multiplicadores e disseminadores de saberes pró-letramento racial: assim nossos estudantes, servidores, pais de estudantes podem polinizar novos locais, levando conhecimento e práticas de criação de clubes de leitura. Pessoas que visitarem o campus do IFCE Caucaia, inclusive externas a esta comunidade, também terão a oportunidade de visualizar o material de convite a participação do projeto. As redes sociais potenciarão esse processo de recrutamento trazendo públicos diversos extra instituição para participar de um clube de leitura guiado por professores de diversas áreas do conhecimento comprometidos com o letramento racial. A proposta tem em sua simplicidade seu ponto de atração: aprenda a combater o racismo e a xenofobia lendo clássicos da literatura. Em conversas inicias com diversos membros da comunidade escolar do interesses de convite de membros externos para um clube de leitura, chegamos a uma estimativa de 50 participantes convidados por estes. Importante lembrar que realizamos recentemente no mesmo espaço o projeto LITERATURA PRETA, realizado no próprio IFCE Caucaia entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025 junto com a Coex e a Proex. O projeto foi muito bem avaliado pela comunidade escolar se transformando num marco da luta antirracista no campus. Soma-se isso aos participantes de um público clubista produzido anteriormente por um outro projeto criado pelo coordenador do projeto LITERATURA INDÍGENA, na mesma linha de formação de público crítico através da literatura brasileira e mundial chamado de LITERATURA E REVOLUÇÃO, realizado na UECE entre março e dezembro de 2021. Em conversas com estes, vimos a demanda de mais 50 pessoas interessadas em participar. Estes serão o público externo, diretamente afetado pelo projeto. Considerando o impacto indireto, com a possibilidade cada um desses membros criando clubes de leitura locais de no mínimo 2(duas) pessoas onde habitam, esse número chega a pelo menos mais 100 pessoas afetadas indiretamente, de públicos diversos.
Objetivo Geral
Possibilitar, por meio da linguagem literária, ao público alvo do projeto a experiência com obras seminais sobre a literatura escrita por autores e autoras indígenas -, e assim construir instrumentos estéticos, políticos e culturais capazes de enfrentar a xenofobia, o racismo, a opressão, a exploração, subalternização e as restrições de liberdades democráticas.
Objetivo Específico
1. Estudar o estilo literário de cada obra em ligação com a condição indígena do escritor(a) 2. Aprender a desenvolver críticas artístico/literárias de obras literárias; 3. Refletir sobre a a vida e luta dos povos indígenas na américa e no mundo; 4. Fortalecer a formação estética (acesso, leitura, interpretação, reflexão e produção) na região de Caucaia através da literatura.
Metodologia
O projeto se divide em dois tipos de espaço que se alternam a cada semana: 1- No primeiro espaço de caráter online, a ser realizado pelo Google Meet os participantes se reúnem com orientação da equipe multidisciplinar que coordena o projeto onde realiza-se uma leitura coletiva e comentado da obra literária escolhida. Além da leitura reflexiva, ao fim do espaço se passa a leitura de capítulos posteriores ao que foi lido durante o espaço para ser feito no segundo espaço até a próxima reunião online 2- O segundo espaço é o momento presencial onde deve-se formar clubes locais com dois ou mais participantes que vão ler juntos os capítulos passados “para casa”. O bolsista do projeto acompanhará esses grupos que ocorrerão no espaço escolar durante a realização de sua carga horária. Os participantes desse clube presencial realizam anotações sobre o que leram e levam na semana seguinte ao espaço online. Reiniciando o ciclo. 3- Há ainda um terceiro espaço que será um debate realizado durante as comemorações do 20 de janeiro, dia da consciência indígena, onde vamos colocar em prática nossos aprendizados a partir de mais um espaço público de compartilhamento das experiencias do projeto a luta da data ímpar. 4- Esse processo será acompanhado pela criação de página no Instagram que reunirá os registros de ambos os espaços e servirá também para a divulgação das obras dos autores indígenas além de local de convite para a participação do projeto e do conhecimento sobre sua concepção.