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Campus:
CAMPUS TIANGUA
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
Letramento de Gênero em Tianguá: Diálogos com estudantes do Ensino Médio.
Área Temática:
Cultura
Linha de Extensão:
Diversidade sexual
Data de Início:
01/08/2025
Previsão de Fim:
05/02/2026
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
20
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
100
Local de Atuação:
Urbano
Fomento:
Edital 04/2025 – Edital para seleção de bolsistas de extensão para os programas/núcleos e projetos institucionais
Programa Institucional
Nenhum
Modelo de Oferta da Atividade:
Presencial
Municípios de abrangência
Tianguá
Formas de Avaliação:
Participação
Questionário
Relatório
Frequência
Reunião
Formas de Divulgação:
Cartaz
E-mail
Site institucional
Convite
Folder
Redes sociais
Entrega presencial de convites
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Alice Nayara dos Santos
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Alice Nayara dos Santos IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 01/08/2025 05/02/2026
Katiana Macedo Cavalcante de Paula IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 3 01/08/2025 05/02/2026
Maria Geovana Carvalho de Araujo IFCE Integrante Discente IFCE Sim 12 01/08/2025 02/01/2026
Yasmin Oliveira Brito IFCE Integrante Discente IFCE Não 12 01/08/2025 05/02/2026
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Orçamento:
Conta Valor
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 2800.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Encargos Patronais 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Material de Consumo 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
O projeto “Letramento de Gênero em Tianguá: Diálogos com estudantes do Ensino Médio” surge como uma iniciativa do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDS) do IFCE – Campus Tianguá, com o objetivo de promover uma educação inclusiva, dialógica e comprometida com os direitos humanos. Em um cenário marcado pela omissão de diretrizes claras na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e pela censura a temas como gênero e sexualidade nas escolas, o projeto se insere como resposta concreta às demandas por justiça social e respeito à diversidade. Fundamentado nos princípios de uma pedagogia crítica e libertadora, inspirada em autores como Paulo Freire e bell hooks, o projeto busca enfrentar a desinformação, o silenciamento e a violência simbólica que marcam o cotidiano escolar, sobretudo em municípios do interior, onde o acesso a políticas públicas estruturadas é ainda mais limitado.
Justificativa
A criação dos Núcleos de Gênero e Diversidade Sexual (NUGEDS) no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) expressa um compromisso institucional com a equidade, os direitos humanos e a valorização da diversidade, reverberando diretamente nas práticas pedagógicas de suas unidades, como o Campus Tianguá. De acordo com a Resolução nº 78/2022, os NUGEDS têm como finalidade “promover ações de enfrentamento às opressões de gênero e sexualidade, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva” (IFCE, 2022, p. 4). O trabalho no cotidiano escolar da Educação Básica sobre letramento de gênero deveria estar pautada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no entanto a mesma apresenta omissões importantes, como a exclusão dos termos “gênero” e “orientação sexual” de sua versão final. A exclusão de termos como "gênero" e "orientação sexual" da BNCC deixou os professores sem diretrizes claras para trabalhar o tema. Este cenário reforça a importância de contemplar a diversidade e a equidade no cotidiano escolar (BRASIL, 2017). Esse vácuo normativo no currículo nacional impõe desafios para a construção de espaços educativos que previnam a violência sexual e a discriminação baseada em identidade de gênero e orientação sexual, desafios esses acentuados em municípios com pouco acesso a políticas públicas estruturadas. Propostas como o movimento Escola Sem Partido alimentaram discursos que associam a discussão de gênero a uma suposta "doutrinação", criando um ambiente de medo entre educadores e gestores, o que tem limitado a abordagem destas temáticas no contexto escolar. Soma-se a essa realidade o fato de que a abordagem de gênero e sexualidade na educação básica enfrenta obstáculos complexos, que vão desde a desinformação até a pressão sociopolítica. A polarização ideológica em torno de temas como gênero e diversidade sexual tem gerado um clima de censura e autocensura nas escolas, refletindo uma estrutura de poder que Bell hooks identifica como intrinsecamente ligada ao patriarcado, ao racismo e à heteronormatividade. Para a autora, a pedagogia engajada que busca romper com hierarquias opressivas e promover a libertação por meio do diálogo crítico, é sabotada quando as discussões sobre identidade são silenciadas, pois tais temas são centrais para desconstruir normas que naturalizam desigualdades. Hooks(2013) argumenta que a educação deve ser um ato político de transgressão, capaz de questionar não apenas conteúdos curriculares, mas as próprias relações de poder que moldam o ambiente escolar. A resistência em abordar gênero e sexualidade, portanto, é sintomática do medo de desestabilizar sistemas de dominação que privilegiam certos corpos e subjetividades em detrimento de outros. Sendo assim, a autora enfatiza que a interseccionalidade — a sobreposição de opressões como raça, classe e gênero — precisa ser parte integrante da prática pedagógica, pois a falta de discussão sobre essas categorias reforça a invisibilidade de estudantes marginalizados. Além disso, Hooks(2013) critica a "educação bancária" (conceito freireano que ela revisita), na qual o conhecimento é depositado de forma acrítica nos alunos, sem espaço para reflexão sobre experiências pessoais ou questões sociais. A censura a temas de gênero e sexualidade exemplifica essa dinâmica, pois impede que a sala de aula se torne um espaço de "prática da liberdade", onde estudantes e professores co-criam saberes a partir de suas vivências. A autocensura, nesse contexto, é um mecanismo de "violência epistemológica", pois suprime vozes que desafiam normas hegemônicas, especialmente de mulheres negras, LGBTQIA+ e outras minorias. Nesse contexto, Hooks(2013) destaca que a esperança radical, central em sua pedagogia, exige coragem para enfrentar esses obstáculos. Ela propõe que educadores cultivem comunidades amorosas nas escolas, onde o respeito às diferenças e o enfrentamento de conflitos sejam vistos como ferramentas de transformação, não de divisão. Sem isso, a educação permanece refém de estruturas que perpetuam a exclusão Diante deste cenário abordar temas como gênero, sexualidade e direitos humanos com base em uma perspectiva dialógica e emancipadora, no cotidiano escolar da Educação Básica, especialmente com estudantes do Ensino Médio, se alinham à concepção freireana e de Hooks de educação como prática transformadora: “a educação não se limita à transmissão de conteúdos, mas à formação de sujeitos capazes de ler e transformar o mundo” (FREIRE, 2020, p. 89). Assim, a realização deste projeto pelo NUGEDS fortalecerá o papel da escola como espaço de diálogo e tolerância. A atuação do NUGEDS em articulação com as escolas de Ensino Médio da cidade de Tianguá, pode contribuir significativamente para a construção de uma cultura institucional pautada no respeito à diversidade e na promoção de uma educação verdadeiramente inclusiva.
Público Alvo
alunos e alunas do ensino médio das escolas do municipio do campus
Objetivo Geral
• Implementar ações de letramento de gênero e sexualidade para estudantes do Ensino Médio na cidade de Tianguá
Objetivo Específico
Ampliar a compreensão crítica dos estudantes do Ensino Médio sobre identidade de gênero, sexualidade e direitos humanos. Fortalecer a cultura do respeito à diversidade e da equidade de gênero no ambiente escolar. Incentivar a participação ativa de estudantes na promoção de práticas inclusivas e no enfrentamento de violências e discriminações nas escolas.
Metodologia
O projeto terá duração de 6 meses e será realizado em três fases principais: (1) divulgação e seleção de estudantes extensionistas; (2) implementação das ações com foco na comunidade externa; e (3) avaliação e acompanhamento das atividades. A proposta prioriza a atuação junto a estudantes do Ensino Médio da rede pública de Tianguá, fortalecendo o compromisso institucional do IFCE com a promoção dos direitos humanos e da equidade de gênero. FASE 1: Divulgação e Seleção dos Discentes do IFCE Inicialmente, o projeto será divulgado no Campus Tianguá com o objetivo de selecionar estudantes extensionistas dos cursos de Letras, Física, Agronomia e Computação. Serão afixados cartazes nas áreas comuns, realizadas publicações nas redes sociais institucionais e disponibilizado um formulário de inscrição online, no qual os interessados deverão apresentar dados pessoais, experiências prévias e motivações para participação. Após triagem dos formulários, serão realizadas entrevistas com foco na afinidade com os objetivos do projeto, no conhecimento sobre a temática e na possibilidade de contribuição interdisciplinar. Os estudantes selecionados atuarão como equipe executora das atividades, participando da organização, mediação pedagógica e da produção de recursos didáticos. FASE 2: Implementação das Ações de Letramento de Gênero e Sexualidade A segunda fase será voltada à comunidade externa, com foco em estudantes do Ensino Médio de escolas públicas de Tianguá. Serão enviados convites oficiais às gestões escolares e, à medida que as escolas aceitarem participar, serão firmadas parcerias para a realização das ações. As atividades ocorrerão prioritariamente nas dependências das escolas parceiras, respeitando o calendário escolar e os horários disponíveis. Algumas atividades específicas — como encontros formativos com lideranças estudantis e seminários abertos — poderão ocorrer no Campus do IFCE ou em espaços comunitários parceiros (como auditórios escolares ou centros culturais). A divulgação do projeto junto às escolas será feita por meio de ofícios institucionais, redes sociais e materiais informativos. Os estudantes do Ensino Médio poderão participar mediante inscrição prévia, facilitada pelas coordenações escolares. As vagas serão limitadas, conforme a capacidade de atendimento de cada atividade. Atividades principais dessa fase: • Oficinas, rodas de conversa e seminários com duração média de 1h30, realizadas semanalmente, com mediação dos estudantes extensionistas e participação de convidados/as com atuação nas áreas de direitos humanos, educação e diversidade. • A produção de recursos didáticos (cartilhas, vídeos, jogos) será feita pelos estudantes dos cursos de Letras, Computação, Física e Agronomia, sob orientação dos professores supervisores do projeto e em colaboração com os estudantes do Ensino Médio, de modo a garantir que os materiais dialoguem com as realidades vividas. • A formação de lideranças estudantis será realizada com um grupo de jovens selecionados nas escolas participantes, que participarão de encontros mensais nos meses 3, 4, 5 e 6 do cronograma. Nesses encontros, que ocorrerão preferencialmente no IFCE, serão abordadas metodologias participativas como teatro do oprimido, rodas de escuta, criação de podcasts e outras práticas de engajamento comunitário. Os estudantes do IFCE participarão tanto como equipe organizadora e executora das atividades, quanto como interlocutores no processo formativo, vivenciando práticas pedagógicas, produção colaborativa de conteúdos e extensão universitária com impacto social real. FASE 3: Avaliação e Acompanhamento das Ações A terceira fase consistirá na avaliação qualitativa e quantitativa das ações realizadas. Serão utilizados instrumentos como questionários de impacto, registros de presença, relatórios reflexivos, observação das oficinas e grupos focais. As avaliações serão aplicadas aos estudantes participantes do Ensino Médio, aos extensionistas do IFCE e aos gestores escolares parceiros. Essa etapa permitirá analisar os efeitos do projeto na formação crítica, no engajamento das lideranças estudantis e na produção de materiais pedagógicos úteis e contextualizados. A avaliação também servirá como base para possíveis desdobramentos e continuidade da ação em outras edições futuras.