Exibir Ação

Campus:
CAMPUS BATURITE
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
LETRAMENTO INICIAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Área Temática:
Educação
Linha de Extensão:
Alfabetização, Leitura e Escrita
Data de Início:
18/08/2025
Previsão de Fim:
20/02/2026
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
60
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
100
Local de Atuação:
Urbano
Fomento:
Edital 04/2025 – Edital para seleção de bolsistas de extensão para os programas/núcleos e projetos institucionais
Programa Institucional
NAPNEs
Modelo de Oferta da Atividade:
Presencial
Municípios de abrangência
Baturité
Formas de Avaliação:
Frequência
Testes Objetivos
Participação
Pesquisa de Satisfação
Formas de Divulgação:
Articulações institucionais
Entrega presencial de convites
Redes sociais
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
EMY VIRGÍNIA OLIVEIRA DA COSTA
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
EMY VIRGÍNIA OLIVEIRA DA COSTA IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 18/08/2025 20/02/2026
Kayciane Assuncao Alencar IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 1 18/08/2025 20/02/2026
Luzileide Muniz Silva IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 1 18/08/2025 20/02/2026
Renata Eusebio dos Santos IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 1 18/08/2025 20/02/2026
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BATURITÉ Não
Orçamento:
Conta Valor
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 2800.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Encargos Patronais 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Material de Consumo 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
A ação proposta neste projeto volta-se para o “letramento inicial” de crianças com deficiência física ou intelectual, a partir de atividades didáticas resultantes de estudos oriundos da área de Psicolinguística, Linguística Cognitiva, Fonética e outras áreas da Linguística Aplicada ao letramento. É preciso atentarmos para a expressão "letramento inicial", a fim de se estabelecer uma oposição com o termo "alfabetização", que, em boa parte das metodologias de ensino empregadas no Brasil, está associada a ensino de ortografia. O "letramento inicial" diz respeito ao desenvolvimento da "consciência fonética", enquanto o ensino de ortografia diz respeito ao desenvolvimento da "consciência fonêmica". A "consciência fonética" antecede a "consciência fonêmica" porque linguagem é fala, uma atividade cognitiva, uma aquisição natural, encontrada em todas as comunidades humanas, enquanto a "consciência fonêmica", que está na base da ortografia, é um aprendizado sociocognitivo, cultural, não encontrado em todas as sociedades; por exemplo, nas comunidades indígenas da América não existia escrita. A “consciência fonêmica” é que faz com que a letra “o”, nas palavras “cobra”, “coxa” e “cone”, seja vista como o mesmo fonema, embora sejam três segmentos fonéticos distintos, isto é, a letra “o”, nessas três palavras, têm sons distintos (em termos acústicos: formantes, duração, amplitude e frequência); culturalmente, porém, as crianças são “treinadas” a reconhecer o mesmo fonema. Isso vale também para a letra “e”, em “neta”, “beco” e “tema”; para a letra “a”, em “base” e “pano”; para a letra “i”, em “fila” e “fino”; para a letra “u”, em “mula” e “punho”; na ortografia, para as letras “e” e “o”, há ainda a possibilidade de representarem os segmentos fonéticos [i] e [u], respectivamente, como o fonema final em “face” e “rato”. A “consciência fonêmica” é orientada para a “semelhança” (uma construção cultural, treinada); a “consciência fonética” é orientada para a “diferença”: em linguagem (linguagem é fala), afirma Martinet, “tudo são diferenças”. O “letramento inicial”, com foco na “diferença”, volta-se para o ensino de um princípio básico de linguagem, o princípio gerativo, assentado na diferença, isto é, é a diferença fonética que produz diferenças semânticas (significado); assim: “tato” não tem o mesmo significado de “tanto” porque mudou um único segmento fonético; assim também em “meta” e “menta”, “mel” e “meu”, “pito” e “pinto”, “pote” e “ponte”, “poço” e “posso” e “mudo” e “mundo”. Ao associar a diferença fonética à diferença semântica é que a criança toma consciência da diferença e sua função. É importante observar que, frequentemente, a ortografia parece incoerente para a criança, pois ao mesmo tempo em que marca a diferença entre sons muito parecidos, como o das consoantes homorgânicas, não a marca entre sons muito diferentes, como o “e” de “neta” e o “e” de “tema” (que são acusticamente bastante diferentes); acusticamente, “p” e “b”, por exemplo, são praticamente idênticos, tanto que é comum que, na história da língua, esses sons permutem: lupu > lobo; o mesmo vale pra “t” e “d” e “c” e “g”: acutu (latim) > agudo (português); isso também se verifica em relação a “s” e “z”, “f” e “v”: profectu (latim) > proveito (português), acetu (latim) > azedo (português). Por isso, é comum que crianças, mesmo alfabetizadas, confundam “p” e “b”, “t” e “d”, “c” e “g”, “f” e “v”, “s” e “z”. Essa questão só se resolve com o desenvolvimento da “consciência fonética”, a consciência da diferença, que se desenvolve quando a diferença fonética se torna diferença semântica (significado), como, por exemplo, na oposição mínima entre “pico” e “bico”, em que a diferença de “p” para “b” gera a diferença semântica; do mesmo modo: “pote” e “bote”; “pata” e “bata”, “pera” e “beira” (com monotongação de “ei”, que é categórica na fala). Em se tratando das consoantes, a ortografia oferece outras dificuldades, pois o mesmo segmento fonético pode ser representado por várias letras; por exemplo: “sapo”, “doce”, “laço”, “fossa”, em que “s”, “c”, “ç” e “ss” possuem o mesmo segmento fonético, mas com representações gráficas distintas. O desenvolvimento da consciência fonética a partir da representação gráfica necessita que se constitua uma relação de identidade entre segmento fonético e letra/grafema; uma diferença de letra só tem espaço se ela significa diferença fonética, isto é, outra letra significa que é outro segmento fonético. A ortografia não segue esse princípio, pois a mesma letra pode representar vários segmentos fonéticos (“consciência fonológica”) e o mesmo segmento fonético pode ser representado por várias letras (“consciência ortográfica”). O desenvolvimento da “consciência fonética”, a partir de atividades de “letramento inicial”, antecede essas duas consciências. Essas ideias, apresentadas em diversos trabalhos do linguista Luiz Carlos Cagliari, serão aprofundas na Caracterização da Intervenção do projeto. Trata-se, nessa Apresentação, apenas de definir seus princípios: (i) o “letramento inicial” não trabalha com ensino de ortografia nem com pronúncia artificial das palavras (“beira” é pronunciado “bera”, por exemplo), adotando uma postura contrária ao grafocentrismo, característica marcante nas metodologias de alfabetização brasileira; (ii) o “letramento inicial” desenvolve a “consciência fonética”, centrada na diferença, antes da “consciência fonológica”, centrada na semelhança; (iii) a “consciência fonética” exige associar diferença fonética a diferença semântica; (iv) a “consciência fonética” exige uma relação de identidade entre letra e segmento fonético, de modo que uma letra só represente um segmento fonético; (v) todo o processo de “letramento inicial” deve estar orientado para o ensino de “princípio gerativo” da linguagem, no qual, a diferença é a base do sistema semântico.
Justificativa
Conforme os últimos dados publicados pelo INEP, o município de Baturité, ao final de 2º ano do Ensino Fundamental, alfabetiza 77,9% das crianças matriculadas em suas escolas públicas. Num Estado em que a maior parte dos municípios possuem índices de alfabetização acima dos 85%, o índice baturiteense configura-se como muito destoante. Os modelos de alfabetização empregados nas escolas brasileiras – que tomam o aprendizado da escrita como algo natural, e não cultural, com procedimentos centrados no ensino da ortografia, e não no desenvolvimento da consciência fonética e do princípio gerativo da linguagem – têm falhado para um percentual significativo de crianças, apesar do intenso investimento em políticas de alfabetização na chamada "Década da Alfabetização" (2003-2012), instituída pela ONU, através da UNESCO. Mas têm falhado ainda mais quando se trata de crianças com deficiência; conforme dados do Censo 2022, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência é de 21,3%, quatro vezes a taxa de analfabetismo das pessoas sem deficiência (5,2%). O Nordeste possui o maior percentual de pessoas com deficiência do Brasil (19,5%). Segundo dados do IntegraSUS, o município de Baturité possui 758 pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 2,15% da população municipal; desse quantitativo, 275 pessoas possuem deficiência física e 195 pessoas possuem deficiência intelectual, correspondendo juntas a 62% do total de pessoas com deficiência em Baturité; os outros 38% correspondem a pessoas com deficiência visual, auditiva, mental ou TEA.
Público Alvo
(1) Crianças que, cumulativamente, (i) tenham entre 6 anos e 10 anos, (ii) tenham deficiência física ou intelectual, (iii) estejam matriculadas no 1º, 2º ou 3º ano de escola da rede pública municipal de Baturité e (iv) após aplicação de testes, estejam nas fases garatuja, pré-silábica ou silábica sem valor sonoro; (2) Professores que atuem no 1º, 2º ou 3º ano (ciclo de alfabetização) em escolas da rede pública municipal de Baturité.
Objetivo Geral
Promover o letramento inicial de crianças com deficiência física ou intelectual do município de Baturité. Realizar o I Seminário de Linguística Aplicada ao Letramento Inicial de Crianças.
Objetivo Específico
Aplicar testes de avaliação diagnóstica; Exercitar a fruição estética com a leitura de textos de literatura infantil; Desenvolver a consciência fonética dos segmentos vocálicos; Desenvolver a consciência fonética dos segmentos consonantais fricativos; Desenvolver a consciência fonética dos segmentos consonantais oclusivos; Discutir, com professores da educação básica e estudantes de Pedagogia e Letras, a aplicação de pesquisas em Linguística a práticas de letramento inicial de crianças.
Metodologia
Aplicação de testes de avaliação diagnóstica; Realização de encontros semanais com grupo de 4 a 6 crianças, com a presença simultânea da coordenadora da Ação e do/a bolsista; Planejamento e realização de evento acadêmico voltado para professores da rede pública municipal de Baturité, estudantes e Pedagogia e estudantes de Letras.