Exibir Ação

Campus:
CAMPUS QUIXADA
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
Glossário da Libras no Sertão Central Cearense
Área Temática:
Educação
Linha de Extensão:
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
Data de Início:
14/08/2025
Previsão de Fim:
14/02/2026
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
10
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
50
Local de Atuação:
Urbano-Rural
Fomento:
-
Programa Institucional
NAPNEs
Modelo de Oferta da Atividade:
Semi-Presencial
Formas de Avaliação:
Participação
Questionário
Frequência
Reunião
Formas de Divulgação:
Site institucional
Redes sociais
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Alysson Saraiva de Oliveira
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Alysson Saraiva de Oliveira IFCE Coordenador Docente IFCE Não 4 14/08/2025 14/02/2026
Antonio Arinilson Rabelo de Aguiar IFCE Integrante Discente IFCE Não 1 14/08/2025 14/02/2026
Claudeth da Silva Lemos IFCE Integrante Técnico Administrativo IFCE Não 2 14/08/2025 14/02/2026
Denise Beserra Dutra IFCE Integrante Terceirizado do IFCE Não 2 14/08/2025 14/02/2026
Francelio Angelo de Oliveira IFCE Integrante Docente IFCE Não 3 14/08/2025 14/02/2026
Joao Paulo Holanda da Silva IFCE Integrante Discente IFCE Não 1 14/08/2025 14/02/2026
Sabrina Santos Lima IFCE Integrante Discente IFCE Não 1 14/08/2025 14/02/2026
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Orçamento:
Conta Valor
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 0.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 0.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Encargos Patronais 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Material de Consumo 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
O projeto de extensão intitulado "Glossário Visual da Libras no Sertão Central Cearense" propõe a criação e publicação de um glossário bilíngue (Libras–Português), em formato audiovisual, com sinais utilizados por pessoas surdas que vivem nos municípios de Quixadá, Quixeramobim e Itapiúna, localizados no Sertão Central do Ceará. A proposta surge da constatação de que muitos sinais utilizados cotidianamente por essas comunidades não se encontram registrados em materiais didáticos ou dicionários oficiais, o que dificulta seu reconhecimento, sua valorização e sua utilização pedagógica. A Libras é uma língua visuo-espacial viva, com estrutura linguística própria e com variações regionais, sociais e culturais, que precisam ser reconhecidas e documentadas. Diante disso, o presente projeto visa promover a escuta sensível da comunidade surda local, respeitando suas identidades linguísticas e culturais, ao mesmo tempo em que oferece um material acessível, gratuito e de fácil difusão nas redes digitais. O glossário será composto por vídeos curtos organizados tematicamente (ex.: escola, alimentação, sentimentos, transporte etc.) e contará com sinalização em Libras, legendas em português e, quando possível, narração oral. A produção será feita com apoio técnico do estúdio do IFCE – Campus Quixadá, envolvendo alunos extensionistas e intérpretes de Libras em todas as etapas, desde a coleta até a edição e publicação dos vídeos. Além do conteúdo visual, o projeto pretende também formar um banco de dados público que poderá servir como corpus para pesquisas acadêmicas, contribuindo para o fortalecimento das políticas linguísticas inclusivas no Brasil, em consonância com a Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº 5.626/2005, que reconhecem e regulamentam o uso da Libras como meio legal de comunicação. Como ação extensionista, a proposta visa articular ensino, pesquisa e extensão ao mesmo tempo em que promove a inclusão linguística e o protagonismo surdo, contribuindo diretamente para a formação de estudantes e professores, o apoio a familiares de surdos, e o fortalecimento do vínculo entre o IFCE e a comunidade externa. O conteúdo final será divulgado em plataformas digitais (como YouTube, site institucional e redes sociais), assegurando acesso contínuo e gratuito para a população em geral.
Justificativa
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida oficialmente como meio legal de comunicação e expressão por meio da Lei nº 10.436/2002, regulamentada pelo Decreto nº 5.626/2005, que assegura o direito das pessoas surdas ao uso da Libras em espaços educacionais e sociais. Contudo, apesar desse reconhecimento legal, a Libras continua a ser marginalizada, especialmente quando se trata de suas variações regionais e culturais — como aquelas presentes no interior do Ceará, em municípios do Sertão Central. O presente projeto se justifica pela necessidade de documentar e valorizar os sinais regionais da Libras utilizados por pessoas surdas em Quixadá, Quixeramobim, Itapiúna e áreas adjacentes. Essas variações são formas legítimas da língua, fruto de práticas comunicativas autênticas e dinâmicas, mas que raramente são registradas em materiais didáticos oficiais ou dicionários amplamente utilizados nas escolas e universidades. A ausência desses registros afeta diretamente: * A formação de estudantes de Libras e professores da educação básica; * A atuação de intérpretes e profissionais da área da surdez; * O acesso de pesquisadores a dados reais sobre a Libras no interior do país; * O reconhecimento da identidade linguística das comunidades surdas fora dos grandes centros urbanos. Segundo Martins e Stumpf (2016), o registro de variações linguísticas da Libras é essencial para ampliar o acesso ao conhecimento, apoiar o ensino da língua e garantir o direito à diversidade. Já Quadros e Karnopp (2004) alertam que a Libras possui uma estrutura própria — com fonologia, morfologia, sintaxe e semântica — e não deve ser tratada como mera tradução do português. Portanto, qualquer tentativa de ensino, produção de material ou pesquisa que ignore suas variações regionais incorre em reducionismo linguístico. Além disso, Skliar (2001) destaca que a surdez deve ser compreendida a partir da perspectiva das diferenças e das minorias linguísticas e culturais. Para ele, reconhecer os modos de existência dos surdos e seus saberes próprios é essencial para romper com visões patologizantes ou deficitárias. Strobel (2009) reforça essa perspectiva ao propor o protagonismo surdo como base para ações que visem a valorização da Libras e da cultura surda, sobretudo em contextos educacionais e de produção de conhecimento. Em termos metodológicos, o projeto dialoga com Ochiuto et al. (2017), que defendem o uso de glossários como instrumento didático e de pesquisa, especialmente quando construídos de forma participativa e colaborativa com a comunidade surda. Do ponto de vista institucional, o projeto responde às diretrizes da extensão universitária, ao articular ensino, pesquisa e compromisso social. Ele fortalece o papel do IFCE como agente de transformação social no interior cearense, contribuindo para a democratização do conhecimento e para a produção de materiais acessíveis e gratuitos. Do ponto de vista educacional e social, o glossário será uma ferramenta pedagógica para professores, alunos, familiares de surdos e demais interessados, além de se constituir como corpus audiovisual público útil para pesquisas acadêmicas sobre variações linguísticas da Libras. Em resumo, o projeto se justifica por: *Atender a uma lacuna histórica na documentação da Libras regional; * Promover a inclusão linguística de surdos do interior cearense; * Ampliar o acesso a materiais didáticos contextualizados e acessíveis; * Fortalecer práticas pedagógicas inclusivas e anticapacitistas; * Contribuir para a produção científica sobre variações linguísticas da Libras; * Estimular o protagonismo surdo e a valorização da cultura local; * Alinhar-se às legislações e políticas públicas de inclusão e acessibilidade.
Público Alvo
* Pessoas surdas da região (Quixadá, Quixeramobim, Itapiúna) * Professores da rede pública * Estudantes de escolas e universidades * Familiares de surdos * Público interessado em Libras e acessibilidade
Objetivo Geral
Produzir um glossário visual bilíngue (Libras–Português), acessível e gratuito, com sinais utilizados por surdos do Sertão Central do Ceará, promovendo registro linguístico, valorização da cultura surda e apoio ao ensino e pesquisa.
Objetivo Específico
* Identificar sinais regionais usados por surdos do interior do Ceará. * Coletar sinais por vídeos enviados e entrevistas em Libras. * Organizar sinais por temas (escola, sentimentos, alimentação etc.). * Gravar vídeos curtos com Libras, legendas e narração. * Publicar os vídeos em canal digital (YouTube). * Oferecer material didático para ensino e pesquisa. * Criar base de dados audiovisual sobre variações da Libras.
Metodologia
O projeto será desenvolvido com base em uma abordagem participativa, colaborativa e qualitativa, priorizando a escuta ativa da comunidade surda, a valorização das práticas linguísticas locais e a produção de conteúdo audiovisual acessível. A metodologia combina etapas remotas e presenciais, integrando tecnologias digitais, escuta sensível, registro audiovisual e curadoria linguística. 1. Etapas de Execução 1. Planejamento e mobilização inicial * Definição de cronograma, estratégias de comunicação e identidade visual. * Produção de materiais de convite em Libras para mobilizar participantes surdos. * Contato com lideranças e grupos locais de surdos por WhatsApp e redes sociais. 2. Convite e seleção dos participantes surdos * Abordagem por vídeo e mensagem em Libras, explicando objetivos do projeto. * Criação de um grupo de WhatsApp com participantes voluntários. 3. Coleta dos sinais regionais *Envio de vídeos por pessoas surdas com sinais usados no cotidiano. * Realização de entrevistas virtuais (via chamada de vídeo) com apoio de intérpretes. * Anotações linguísticas e transcrição dos sinais recebidos. 4.Organização temática dos sinais * Agrupamento por campos semânticos: escola, alimentação, sentimentos, transporte etc. * Seleção coletiva com apoio dos participantes surdos e dos intérpretes. 5. Roteirização e gravação dos vídeos *Criação de roteiros simples para gravação dos sinais com fluidez e clareza. *Gravação no estúdio do IFCE – Campus Quixadá, com fundo neutro e iluminação adequada. *Presença de intérpretes de Libras, alunos extensionistas e coordenador durante a gravação. 6.Edição e revisão dos vídeos * Inserção de legendas em português e, quando possível, narração oral. * Verificação da qualidade técnica (áudio, vídeo, iluminação, enquadramento). * Validação dos sinais com os participantes surdos para garantir autenticidade cultural. 7. Publicação e divulgação dos vídeos * Publicação no YouTube, com descrição acessível e links organizados por temas. * Compartilhamento nas redes sociais (Instagram, WhatsApp, Facebook, grupos de Libras). 8.Criação de banco de dados * Organização dos sinais e vídeos em planilhas com metadados: tema, significado, localização, fonte etc. * Disponibilização pública para consulta por estudantes, professores e pesquisadores. 9.Avaliação e encerramento *Aplicação de questionários de satisfação e participação. * Análise do alcance dos vídeos nas redes. * Redação de relatório final com os resultados e reflexões do projeto. 2. Métodos * Pesquisa qualitativa interpretativa, com base na valorização de saberes locais e experiências culturais da comunidade surda. *Pesquisa colaborativa com protagonismo surdo, que reconhece os participantes como coautores e fontes legítimas de conhecimento (inspirado em Skliar, Strobel e Ochiuto et al.). * Observação participante e escuta ativa, sobretudo nas entrevistas em Libras e nas validações dos sinais. * Curadoria linguística e cultural na organização dos sinais para fins pedagógicos e de divulgação. 3. Procedimentos * Utilização do WhatsApp como ferramenta de coleta, considerando seu amplo uso entre surdos para comunicação em Libras. * Gravações com câmeras de alta definição e iluminação adequada no estúdio do IFCE. * Inserção de legendas e narração oral com apoio de intérpretes e equipe técnica. * Revisão dos vídeos por uma equipe mista: coordenador, intérpretes, alunos e participantes surdos. * Publicação e organização em playlist temática no YouTube, com acessibilidade digital (descrição de vídeo, hashtags, links internos). * Organização de um banco de dados linguístico e audiovisual, catalogado por campos semânticos. 4. Técnicas * Entrevistas semiestruturadas em Libras com participantes surdos, conduzidas virtualmente. * Roteirização audiovisual acessível, com frases curtas e linguagem visual clara. * Edição com softwares gratuitos (ex: Shotcut, CapCut ou DaVinci Resolve) para facilitar replicação do projeto. * Curadoria temática colaborativa, reunindo todos os envolvidos na definição dos sinais a serem gravados. * Divulgação segmentada por público-alvo, adaptando linguagem e canais conforme o perfil dos usuários (ex: Instagram para jovens, YouTube para professores, WhatsApp para comunidade surda local).