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Campus:
CAMPUS PARACURU
Tipo da Ação:
Projeto
Título:
Guerreiras das Águas - Educação socioambiental para mulheres marisqueiras -pescadoras/REDE Interset/CE
Área Temática:
Meio Ambiente
Linha de Extensão:
Patrimônio Cultural, Histórico, Natural e Imaterial
Data de Início:
17/09/2025
Previsão de Fim:
31/07/2026
Nº mínimo de pessoas beneficiadas:
50
Nº máximo de pessoas beneficiadas:
200
Local de Atuação:
Urbano-Rural
Fomento:
Edital Redes de extensão MEC - 2025
Programa Institucional
NEABIs
Modelo de Oferta da Atividade:
Presencial
Municípios de abrangência
Paracuru
Paraipaba
São Gonçalo do Amarante
Trairi
Formas de Avaliação:
Participação
Relatório
Frequência
Reunião
Trabalho em grupo
Debate
Formas de Divulgação:
E-mail
Site institucional
Redes sociais
Convite
Atividades Realizadas:
Nome do Responsável:
Iara Saraiva Martins
Equipe:
Nome Instituição Categoria Vínculo Receberá bolsa? Horas Semanais Dedicadas Início da Participação Fim da Participação
Antonio Italo de Sousa Moura IFCE Integrante Discente IFCE Sim 12 17/09/2025 31/07/2026
Iara Saraiva Martins IFCE Coordenador Docente IFCE Sim 4 17/09/2025 31/07/2026
Ticiana de Brito Lima Holanda Universidade Federal do Ceará Integrante Sem vínculo Não 4 17/09/2025 31/07/2026
Parcerias:
Instituição Parceira Parceria Formalizada? Instrumento Utilizado Número do Instrumento
Universidade Federal do Ceará Não
Coletivo Guerreiras das águas Não
Associação dos Produtores de Algas de Flecheiras e Mundau Não
Orçamento:
Conta Valor
Bolsa - Auxílio Financeiro a Estudantes 700.0
Bolsa - Auxílio Financeiro a Pesquisadores 1200.0
Diárias - Pessoal Civil 0.0
Encargos Patronais 0.0
Equipamento e Material Permanente 0.0
Material de Consumo 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física 0.0
Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 0.0
Passagens e Despesas com Locomoção 0.0
Vínculos:
Ação Tipo
Apresentação
O projeto “Guerreiras das Águas: educação socioambiental para mulheres marisqueiras-pescadoras” tem como propósito fortalecer a identidade, os direitos e a autonomia socioeconômica das marisqueiras e pescadoras artesanais, reconhecendo seus saberes como patrimônios culturais e ambientais de grande relevância. Essas mulheres, ao longo de gerações, acumularam conhecimentos sobre o manejo dos recursos naturais, a preservação dos ecossistemas costeiros e a organização comunitária, constituindo práticas que sustentam não apenas sua subsistência, mas também a memória e a cultura local. A proposta parte do reconhecimento de que o diálogo entre a ciência acadêmica e os ciências tradicionais é fundamental para a construção de soluções sustentáveis. Nesse sentido, busca promover a troca de saberes, onde conceitos relacionados à gestão ambiental, sustentabilidade e formações sobre algas marinhas e suas aplicabilidades econômicas e ecológicas encontram-se com a experiência empírica e o conhecimento ancestral das comunidades pesqueiras. Essa confluência possibilita tanto o fortalecimento da organização social das marisqueiras quanto o fortalecimento de uma produção acadêmica mais sensível às realidades locais. Do ponto de vista social, o projeto contribui para o fortalecimento da Rede de Mulheres Pescadoras do Ceará, cria espaços de comercialização solidária e fomenta parcerias interinstitucionais com organizações da sociedade civil e órgãos públicos. Do ponto de vista formativo, representa um espaço coletivo de aprendizagem, em que estudantes, professores e comunidades compartilham conhecimentos e práticas, reafirmando a importância da extensão universitária como campo de diálogo e de transformação social. Assim, o “Guerreiras das Águas” consolida-se como uma ação estratégica que valoriza os saberes tradicionais e promove a intersecção com o meio acadêmico, resultando em impactos sociais e ambientais que vão desde o empoderamento das mulheres marisqueiras e pescadoras até a defesa dos territórios tradicionais e a construção de alternativas de sustentabilidade econômica.
Justificativa
As comunidades tradicionais da zona costeira cearense, em especial as marisqueiras e pescadoras artesanais, enfrentam um conjunto de desafios socioambientais que ameaçam sua subsistência e a preservação dos territórios pesqueiros. Entre esses desafios estão a poluição das águas, a pressão da carcinicultura e das energias renováveis, a degradação dos manguezais, a invisibilização do trabalho feminino e a precariedade nas condições de vida e de saúde. Esse cenário configura situações de racismo ambiental, no qual populações historicamente vulnerabilizadas sofrem de maneira desproporcional os impactos negativos de decisões políticas e econômicas. Do ponto de vista legal, a intervenção encontra respaldo no Decreto nº 6.040/2007, que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, reconhecendo seu direito ao território, aos modos de vida e à participação nas políticas públicas. Soma-se a isso a Convenção 169 da OIT, ratificada pelo Brasil, que assegura o direito dessas populações à consulta livre, prévia e informada sobre quaisquer medidas que impactem seus territórios. No Ceará, avanços recentes como a criação do Dia Municipal das Marisqueiras em Paracuru e a lei estadual que reconhece o ofício e a culinária das marisqueiras como patrimônio cultural imaterial consolidam conquistas simbólicas e jurídicas, ampliando a legitimidade da categoria perante o poder público e a sociedade. Nesse contexto, o projeto “Guerreiras das Águas: educação socioambiental para mulheres marisqueiras-pescadoras” justifica-se como espaço estratégico de fortalecimento dessas mulheres, reconhecendo seus saberes como patrimônio cultural e ambiental, e promovendo processos formativos em diálogo com conhecimentos sobre gestão ambiental, sustentabilidade e aplicabilidades econômicas e ecológicas, como o uso de algas marinhas. A ênfase no papel das mulheres é central, pois elas não apenas garantem a renda e a segurança alimentar de suas famílias, mas também exercem liderança na preservação ambiental e na organização comunitária. As instituições de ensino superior, como o IFCE, podem ter um papel significativo nesse processo, ao desenvolver ações de extensão que integram teoria e prática, ciência e ciências tradicionais, contribuindo para a construção de políticas públicas inclusivas e para a valorização da diversidade cultural. A articulação com órgãos públicos e organizações da sociedade civil amplia a capacidade de incidência e assegura a continuidade das ações, fortalecendo a autonomia socioeconômica, a defesa dos territórios e a justiça ambiental. Assim, o projeto responde a uma demanda social urgente e legalmente reconhecida, reafirmando o compromisso da extensão universitária com a transformação social, a equidade de gênero e a sustentabilidade dos maretórios.
Público Alvo
Marisqueiras- pescadoras do município de Paracuru
Objetivo Geral
• Promover educação socioambiental para marisqueiras e pescadoras, contribuindo para o reconhecimento, fortalecimento da identidade e autonomia socioeconômica dessas mulheres, em alinhamento com as diretrizes da extensão acadêmica e políticas públicas voltadas para povos e comunidades tradicionais.
Objetivo Específico
• Apresentar informações sobre os direitos das mulheres marisqueiras e pescadoras, garantindo sua participação ativa na formulação de políticas públicas e no fortalecimento de redes comunitárias. • Socializar conceitos científicos de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, realizando confluências com os saberes ambientais tradicionais para a preservação do território e dos recursos naturais. • Identificar estratégias alternativas de autonomia financeira por meio do fortalecimento de cooperativas, feiras solidárias e outras formas de economia sustentável. • Produzir e disseminar um e-book sobre as histórias, práticas culturais e saberes das marisqueiras, promovendo o reconhecimento da categoria e valorização de seu papel socioeconômico e ambiental. • Criar articulações intersetoriais entre instituições de ensino superior, organizações da sociedade civil e órgãos públicos para assegurar a continuidade e o impacto da iniciativa no longo prazo.
Metodologia
A metodologia do projeto “Guerreiras das Águas” está fundamentada na construção coletiva e na articulação interinstitucional, valorizando os saberes tradicionais das comunidades de marisqueiras e pescadoras em diálogo com conhecimentos acadêmicos e técnicos. As ações serão conduzidas por meio da criação de grupos de trabalho interinstitucionais, envolvendo Instituições de Ensino Superior, movimentos sociais, órgãos públicos e organizações da sociedade civil. Esses espaços terão como função a articulação e a implementação de ações conjuntas voltadas ao fortalecimento da categoria e à formulação de estratégias de incidência política. O projeto prevê o fortalecimento dos encontros estaduais da Rede de Mulheres Pescadoras do Ceará, que serão utilizados como momentos de intercâmbio de saberes, compartilhamento de experiências e construção de estratégias coletivas. Nessas ocasiões, serão discutidos direitos, formas de organização e alternativas de sustentabilidade da mariscagem e da pesca artesanal. As atividades também incluem o estabelecimento de parcerias estratégicas com secretarias estaduais e municipais de meio ambiente, trabalho e assistência social, visando garantir a formulação e a efetiva aplicação de políticas públicas que assegurem a sustentabilidade dos maretórios. Complementarmente, serão realizadas formações e oficinas intersetoriais sobre direitos trabalhistas, organização comunitária, gestão territorial, economia solidária e sustentabilidade ambiental, ampliando a capacidade de atuação das marisqueiras na defesa de seus territórios e de suas práticas produtivas. Outra dimensão da metodologia envolve o desenvolvimento de materiais didáticos e pedagógicos, como cartilhas, e-books e registros audiovisuais, que integrarão saberes tradicionais e soluções inovadoras sustentáveis. Esses materiais serão utilizados em escolas, universidades e espaços comunitários, contribuindo para a valorização e a perpetuação do conhecimento tradicional, além de aproximar a temática da juventude e da comunidade escolar. No campo da economia, o projeto fomentará a criação de redes de comercialização solidária, conectando as marisqueiras a mercados institucionais, feiras comunitárias e iniciativas de economia social e solidária, promovendo maior autonomia financeira e melhores condições de trabalho. De forma complementar, será implementado um sistema de monitoramento participativo, no qual as próprias marisqueiras serão protagonistas na identificação de impactos ambientais e na gestão sustentável dos recursos naturais, consolidando seu papel como guardiãs dos territórios pesqueiros. Por fim, destaca-se a integração das escolas da rede pública de ensino às ações do projeto, por meio de atividades educativas sobre conhecimentos tradicionais, sustentabilidade e a importância dos territórios pesqueiros. Essa estratégia visa incentivar o protagonismo juvenil na defesa ambiental e cultural, assegurando que as novas gerações estejam engajadas na continuidade das lutas e na valorização da identidade das marisqueiras e pescadoras.